quarta-feira, abril 29, 2015
engomar por dentro
"Depois da morte da mãe, enviaram Luarmina para o lado de cá, para ela se amoldar na Missão, entregue a reza e crucifixo. Havia que arrumar a moça por fora, engomá-la por dentro."
Mia Couto, Mar Me Quer (2000)
segunda-feira, abril 27, 2015
microficção
Bulhão Pato sofreu em criança. Chamavam-lhe Bulhão Puto, e não Raimundo, "Mundinho", sequer "Patinho", nickname carinhoso com que, já adulto, os amigos o ressarciram.
JornaL
* Migrações. A Europa está velha e precisa cada vez mais de imigrantes. E que tal uma política pròactiva de imigração, a nível comunitário? Mas a valer!, isto é, tem de ser uma política e não a casuística de agora.
* Jerónimo de Sousa disse que o uso de cravo vermelho à lapela por Pedro Passos Coelho, na assinatura da coligação com o CDS, foi um insulto. O maior insulto, porém, parte daqueles que querem policiar / tutelar / apropriar-se do 25 de Abril.
(e em tempo, que me esqueci de escrever na altura própria: o Ferreira Fernandes, no DN de hoje, chamou-lhe tonto, e com razão)
(e em tempo, que me esqueci de escrever na altura própria: o Ferreira Fernandes, no DN de hoje, chamou-lhe tonto, e com razão)
* Jesus foi ameaçado pelo terinador do FCPorto. O PR não faz nada?!...
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domingo, abril 26, 2015
a Casa do Dragão, de João Gaspar Simões
É de manhã e não faço ideia que tempo faz, pois estou a escrever isto de madrugada.
Não sei se a chuva dará para falar nele e na casa, mais daqui a um bocado, em Cascais.
A verdade é que da última vez que passei por ela, o novo proprietário (desconheço quem seja) arrancou este catavento único, que simbolizava a morada do dragão da crítica.
Parte-se-me o coração, só de olhar e não o ver lá.
(as fotos são de Guilherme Cardoso)
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sábado, abril 25, 2015
no fundo do olhar
"Por enquanto, porém, e mais uma vez, é no fundo do olhar -- no olhar onde há vagar e preguiça -- que melhor se pressente a presença do corpo: a linha das pernas, a extremidade das ancas, a curva lenta e polida das coxas, o relevo e a lisura do ventre, essa íntima consonância do corpo e da nudez. Beleza em forma de segredo!
Não se beija a exuberância, beija-se o pudor."
Marcello Duarte Mathias, Mas É no Rosto e no Porte Altivo do Rosto (1983)
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sexta-feira, abril 24, 2015
José da Cunha Brochado
Vou falar dele no domingo, em Cascais.
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como se fora profissão
"E soube então que Maria liberta, filha única de proprietários abastados, não precisava de adoptar profissão alguma -- nem mesmo a de mulher casada --para ganhar o pão de cada dia."
Rocha Júnior, Maria Liberta (1947)
quinta-feira, abril 23, 2015
e ela, então, disse-lhe
"Então Margarida tomou mais consciência da situação em que estavam, e, tornada ao ponto em que a sua recente intimidade com João Garcia recuava sobre o antigo constrangimento de dois estranhos, disse-lhe:
-- Vá-se! Podem ver da estrada..."
Vitorino Nemésio, Mau Tempo no Canal (1944) mau Tempo no Canal
quarta-feira, abril 22, 2015
JornaL
(ainda no DN)
- "Defesa da Civilização" -- um bom texto para meditar de João César das Neves, apesar de ficar-se pela superfície. Não basta defender a civilização contra a barbárie (assim mesmo escrevo, sem aspas nem itálico);: é preciso, sempre, ir às causas dessa barbárie. Só assim o quadro fica completo.
- Sousa e Castro, nas "frases do dia", citado na Comissão de Inquérito a Camarate: "Como piloto-aviador, na altura não me pareceu que fosse um acidente, mas não tenho nenhuma informação concreta."
- "Preso foi às compras ao Beloura Shopping"...
- Viriato Soromenho Marques: "(...) quem conhece a história, sabe que na Europa todos os recordes de abjecção são apenas provisórios."
- "Condenado a 20 anos de prisão, Morsi ainda arrisca a pena de morte". Morsi era o presidente legítimo? Era. Foi bem derrubado? Foi. Como sai um democrata disto? Não sai. Não sei.
Gabriela êêêhhh...
"A expulsão de Carrilho do PS" -- Tunda monumental de Canavilhas em Carrilho, no DN de hoje -- um tipo que conseguiu o feito de ter sido, de longe, o melhor ministro da Cultura em Portugal e também uma criatura repugnante pela forma como se referiu publicamente à mãe dos filhos -- com ou sem razão, não interessa.
(Pior: obrigou-me a saber das intimidades dele!, eu, que tenho aversão por essas revistas do esgoto, que me poluem a visão e cujas capas para indigentes mentais (TRAIÇÃO! PAIXÃO! TESÃO!,) me obrigam a ver nas bombas de gasolina, enquanto aguardo na bicha para pagar...)
Ressabiado com Sócrates, quis pisá-lo estando ele na mó de baixo.
Detesto ressabiados: normalmente são enguias que não têm coragem de enfrentar os agravos de que -- efectiva ou imaginariamente -- são alvo.
É de ler.
(Pior: obrigou-me a saber das intimidades dele!, eu, que tenho aversão por essas revistas do esgoto, que me poluem a visão e cujas capas para indigentes mentais (TRAIÇÃO! PAIXÃO! TESÃO!,) me obrigam a ver nas bombas de gasolina, enquanto aguardo na bicha para pagar...)
Ressabiado com Sócrates, quis pisá-lo estando ele na mó de baixo.
Detesto ressabiados: normalmente são enguias que não têm coragem de enfrentar os agravos de que -- efectiva ou imaginariamente -- são alvo.
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já se respira
Do diário de Notícias de hoje:
"PS encosta à esquerda e assume ruptura absoluta com políticas de Passos" -- bastou o anúncio do documento dos economistas, apresentado ontem, para poder começar a pensar em respirar neste país em escombros.
Nunca esquecer que foram os partidos da maioria, acolitados pelo PC e pelo BE -- que apesar de tudo têm uma justificação ideológica --, foram estes marcos antónios e outros relvas que, chumbando o pec 4, aprovado pela Comissão Europeia e por Merkel, que levou a que Portugal fosse compelido a pedir a intervenção da troika.
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criadores & criatura
fonte Lee Falk, Phil Davis & Mandrake, o Mágico. |
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terça-feira, abril 21, 2015
P de piratas
Piratas -- Barba Ruiva, da perna de pau, sábados à tarde, Sandor, Stevenson, televisão, Tortuga.
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segunda-feira, abril 20, 2015
M de Malraux
Malraux, André -- escritor de acção; um tio antigo.
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domingo, abril 19, 2015
assim, gosto
Apesar de ateu, não só não esqueço a minha formação cristã, como gosto de exaltar aqueles que que deram sentido à religião, os que se bateram e sacrificaram pelos fracos e pelos oprimidos (gosto desta linguagem datada, mas verdadeira). E um deles foi o arcebispo de São Salvador, Monsenhor Oscar Romero (1917-1980), assassinado pelos paramilitares a soldo do governo, lembro-me bem. Veio-me isto através do blogue católico Immanuel.
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sábado, abril 18, 2015
S de sofrimento
Sofrimento -- morte.
Edvard Munch, O Grito (1893) |
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Edvard Munch
um antes e um depois
Quando penso em José Mariano Gago, ontem falecido, só me lembro de figuras históricas que rasgam o tempo em que vivem, projectando a sua acção no futuro, por muitas décadas. Há um antes e um depois dele, e isso só se verifica com alguns poucos
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sexta-feira, abril 17, 2015
L de Led Zeppelin
Led Zeppelin - blues metálico; o Mississípi no shire; quarteto fantástico.
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quinta-feira, abril 16, 2015
o Sol foi de festa, a noite foi de festa
"Toda a noite fora de festa: danças e trebelhos, jogos e matinadas. O bom povo do Porto, na sua cidade triste, quebrava a monotonia dura da vida nesse instante de folgança; e o tom pardo do granito pardo como o ar nevoento e húmido, dissipara-se de manhã quando a cidade acordou semeada de murta e rosmaninho com as casas armadas como capelas. O próprio sol quis ser de festa, penetrando nas ruas lôbregas, e pondo por excepção nas faces dos burgueses uma centelha de vivacidade luminosa."
Oliveira Martins, Os Filhos de D. João I (1891)
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quarta-feira, abril 15, 2015
como náufragos
"De manhã, largaram dali com levante. Viu-se de novo enrolada no beliche, com a cabeça entre os joelhos, e quis Deus que, ao quinto dia dessa primeira e última morte no mar, viesse finalmente alguém dizer-lhe que a luminosa, magnífica cidade de Lisboa esperava os náufragos e as suas almas mortas. Só então conseguiu ressuscitar."
João de Melo, Gente Feliz com Lágrimas (1988)
à luz do petróleo
"À luz do petróleo os olhos encovam-se-lhes, a dureza sobressai e aumenta. As mãos lívidas e secas, cheias de engelhas, deformadas pelas exostoses, são poemas de maldade e de astúcia. Parecem de mortos e tão afiadas como as da crueldade."
Raul Brandão, A Farsa (1903)
terça-feira, abril 14, 2015
o nosso filho-da-puta
Leio no DN, e sinto um sorriso irónico nos lábios: Islam Karimov, o ditador do Uzbequistão foi eleito pela quarta vez (a constituição local só permite uma reeleição), com 90,39% dos votos (adoro o vírgula trinta e nove...).
O sorriso não se deve, porém, a este milagre em que ditaduras têm constituições que não cumprem -- por cá também houve disso. A ironia é o congraçar nas felicitações logrado por Karimov, em que Putin e Obama competem na exultação. O russo é hiperbólico, o americano, optimista, claro, chegando a falar da "nossa relação robusta e sempre em evolução". Muito se deve rir Karimov, no poder desde 1989, secretário geral do PC usbeque, ainda na velha URSS, com estes salamaleques diplomáticos.
Os ideais são belos, mas a política externa dos países rege-se pela defesa dos seus interesses permanentes. É triste? É, mas o mundo não é uma grande Costa Rica, o único estado, que eu saiba, sem forças armadas -- e agora, também, sem proselitismos pseudo-religiosos.
Como dizia, e bem, Franco Nogueira, invertendo a máxima do seu mentor Salazar, «Em política internacional, tudo o que parece não é...»
Creio que era a propósito do inqualificável Mobutu (ou seria Pinochet?, ou Saddam Hussein?...), homem de mão de um dos lados da Guerra Fria -- creio que era a propósito dele que os americanos diziam: "É um filho-da-puta, mas é o nosso filho-da-puta).
O Uzbequistão, estado da Ásia Central com 30 milhões de habitantes, tem uma importante situação geopolítica (faz fronteira com o Afeganistão; está a um quarto de hora de F16, por exemplo, do Paquistão.
Diante do fracasso do Ocidente, em particular dos EUA, após a eliminação ou neutralização de filhos-da-puta que eram, haviam sido ou passaram a ser os nosso filhos-da-puta (Saddam, Kahdaffi, Assad), e com os lindos resultados que se vêem (o Estado Islâmico com o o cortejo horrendo de crimes contra a Humanidade -- mulheres, crianças, não-beligerantes, património histórico milenar), toca a cumular o bom do Karimov de adulações. É velho como a História.
segunda-feira, abril 13, 2015
um sopro na alma
«O veleiro a largar a ilha e já todos se deixavam contagiar dum vento de afago que, de mansinho, lhes soprava na alma.»
Manuel Ferreira, Hora di Bai (1962)
domingo, abril 12, 2015
compreensivelmente
«Daqui a tempos algum começa a ressonar. Evitarão tocar-se, ao cruzarem no estreito corredor. Um vai engasgar-se com uma espinha de peixe ou um osso de galinha. Ela protesta, por se achar reduzida às funções de doméstica. Ele em transe, quando o bebé lhe babar a gravata, logo na hora de pegar ao serviço.
Marta seduzirá o cunhado. Jorge vai andar à nora. Bruno irá em futebóis. Elsa fica-se pela telenovela.
E, compreensivelmente, os dois hão-de detestar-se.»
José de Matos-Cruz, Os EntreTantos (2003)
sábado, abril 11, 2015
no fim da vila
«Morava no fim da vila, à beira dos esteiros. Da casa que o pai fizera, toda madeira e lata, viam-se os toiros pastar na outra margem e as rotas dos barcos.. Havia tufos de junco nos esteiros e lixo abandonado. Quando pequeno, ainda convertera os esteiros em florestas e rebuscava no lixo brinquedos preciosos. Cedo, porém, se aborreceu naquele recanto monótono, só água e planície. A floresta dava-lhe pela cinta -- era junco -- e o lixo era lixo, apenas. Começaram então as fugas para a rua.»
Soeiro Pereira Gomes, Esteiros (1941)
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sexta-feira, abril 10, 2015
elogio da cama
«Que terrível coisa a vida! Levantar-se todos os dias para o mesmo fim, com os mesmos gestos, as mesmas cerimónias sórdidas, as mesmas misérias corporais! Só Elói sabe quanto custa erguer-se daquela cama amaldiçoada e, apesar de tudo, -- o paraíso... Durante os momentos mais dolorosos e difíceis da sua luta quotidiana só uma coisa o conforta: a lembrança de que ela o espera com a sua profundidade, a sua separação do mundo, a sua colaboração com o mistério do sono e dos sonhos!»
João Gaspar Simões, Elói ou Romance numa Cabeça (1932)
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quinta-feira, abril 09, 2015
Gama feio
Ainda não tenho candidato presidencial (parece que só Henrique Neto se apresentou). Na verdade estou muito mais preocupado com as legislativas, até porque o prazo de validade do presidente Cavaco se aproxima gostosamente do fim.
Isto a propósito de ter lido hoje no DN a enviesada diatribe de João Taborda da Gama, filho de Jaime Gama, dirigida a Sampaio da Nóvoa, servindo-se para tal de uma respeitabilíssima pessoa já falecida, e que não menciono por pudor as misturar um nome elevado com as baixezas das pequenas ambições.
Mesmo que tudo aquilo seja verdade -- e estou em crer que àquela narrativa muito bem construída faltará um ou outro pormenor não despiciendo --, mesmo que seja assim, é feio Gama filho usar de expedientes deste jaez quando se fala da possibilidade de Gama pai avançar com candidatura própria à P da R. Queria atacar Nóvoa, deixava passar este entrudo pré-eleitoral. Assim, ficará sempre a suspeita -- como a mim ficou depois de o ler -- de que haverá ali um vago interesse pessoal.
Em tempo: aqui está o resto da história que Gama filho não contou.
Em tempo: aqui está o resto da história que Gama filho não contou.
Lisboa mais perto...
«Como é seu hábito, o alferes segue em décimo lugar na fila "bicha de pirilau", como dispõem as normas da contraguerrilha. Não traz qualquer distintivo. Caminha desengonçadamente, sonolentamente. Mais passos na picada, Lisboa mais perto...»
Mário de Carvalho, Era uma Vez um Alferes (1985)
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quarta-feira, abril 08, 2015
terça-feira, abril 07, 2015
sinal fechado
«Pôs pisca para a direita. Ninguém de frente. Ninguém da esquerda. Ninguém da direita. E o semáforo a proibir. "Nesta cidade a vida morre cedo. Nem vale a pena o semáforo. No tempo do colono daqui a bocado eram os aceleras, as luzes das boites, cabarés, as esplanadas a abarrotar de gente, putas por todo o lado, casas com fadistas até era bonito o fado é porreiro mas não é isso porra para o semáforo que comichão é esta nos tomates? O certo é que agora até nem temos guardas-nocturnos e mesmo assim pode-se andar à noite quando é que eu parava assim no Rio de Janeiro?"»
Manuel Rui, Crónica de um Mujimbo (1989)
segunda-feira, abril 06, 2015
amaríssimo
«José Dias amava os superlativos. Era um modo de dar feição monumental às idéias; não as havendo, servir a prolongar as frases.»
Machado de Assis, Dom Casmurro (1900)
domingo, abril 05, 2015
facas de peixe
«Assim era Renato e já se vê que a sua quadrilha tinha de ser diferente das demais. "Pistolas só de alarme, facas se forem de peixe, dessas tortas que nos dão quando jantamos fino!", gracejava.»
Mário Zambujal, Crónica dos Bons Malandros (1980)
sábado, abril 04, 2015
sexta-feira, abril 03, 2015
O Irão, depois de Cuba
O acordo de princípio com o Irão sobre o programa nuclear persa, mostra como Obama é um político de excepção. Interne e externamente o seu mandato caracterizou-se por reconstruir uma economia escaqueirada pelos republicanos, a minimizar os danos destes infligidos à ordem mundial e a ultrapassar obstáculos de política externa que duraram décadas. Depois de Cuba, o Irão.
Claro que tudo isto é sempre provisório e a situação internacional é a que sabemos. Mas é um exemplo bom, e esse traz sempre frutos.
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quinta-feira, abril 02, 2015
3 filmes de Manoel de Oliveira, no dia da sua morte
Vou para Casa (2001)
O Convento (1995)
A Caixa (1994)
O Convento (1995)
A Caixa (1994)
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quarta-feira, abril 01, 2015
verduras
«Durante muito tempo, Soriano havia menosprezado os clássicos. Do seu forçado convívio com eles nos bancos escolares ficara-lhe uma sensação de mundo velho, monótono, que servia apenas para enfastiar a vida da mocidade. Ao próprio "Dom Quixote" ele se lançava, desdenhoso: "Era um matorral espesso, onde andavam dois animais que não valia a pena seguir, porque um era louco e o outro era bruto." Por causa desta frase, que, nesse tempo já longínquo, ele sentia volúpia em repetir, tivera até um pugilato com outro estudante, um navarro carlista, muito reaccionário, que lhe tinha respondido com uma expressão de desafio: "Animal és tu e, se a natureza for justa, ainda hei-de ver-te com quatro patas."»
Ferreira de Castro, A Curva da Estrada (1950)
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