Shi (Poetry), de Lee Chang-dong (Coreia do Sul, 2010). «Fora de competição».
Um dos melhores filmes a que assisti no Festival, questiona(-nos) sobre o papel da arte (neste caso, a poesia, mas podemos começar logo pelo cinema e por este filme, em concreto) numa sociedade desumanizada. Recorda-me um grande romance de Mircea Eliade, Bosque Proibido, em que a personagem principal, estando a viver em Londres durante os bombardeamentos alemães, se escondia nas estações do metro, uma espécie de rato em fuga, ele e os demais londrinos; mas Stefan levava sempre no bolso um voluminho dos Sonetos de Shakespeare, para se lembrar da sua humanidade. Assim este filme maravilhoso de Lee Chang-dong: quando nos apercebemos que vivemos no meio do lixo da natureza humana, ou, mais preciso: quando nos apercebemos que temos a porção de instinto e maldade que nos avilta, a arte vem lembrar-nos que não somos só animais.
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