segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Antologia Improvável #355 - Cecília Meireles (2)

Explicação

A Alberto de Serpa

O pensamento é triste; o amor, insuficiente;
e eu quero sempre mais do que vem nos milagres.
Deixo que a terra me sustente:
guardo o resto para mais tarde.

Deus não fala comigo -- e eu sei que me conhece.
A antigos ventos dei as lágrimas que tinha.
A estrela sobe, a estrela desce...
-- espero a minha própria vinda.

(Navego pela memória
sem margens.

Alguém conta a minha história
e alguém mata os personagens.)


Vaga Música / Antologia Poética

9 comentários:

vieira calado disse...

É por estes e outros que a Cecília é considerada uma grande senhora das letras.

Um abraço.

Ricardo António Alves disse...

E muito ligada a nós, quer pela sua ascendência açoriana, quer pelas amizades que cultivou por cá, de que este poema, dedicado ao Alberto de Serpa, é um exemplo.
Um abraço, também.

Manuel Nunes disse...

Caro Ricardo,
Obrigado pelas suas palavras lá na minha folha virtual. A actualização já nem todos os meses se faz...
As suas é que estão em grande. Há matéria todos os dias. E logo como esta que hoje nos dá : Cecília Meireles dedicando um poema a Alberto de Serpa.
Alberto de Serpa que, como sabe, é "pessoa das minhas relações".
Grande abraço,

Ricardo António Alves disse...

Um excelente poeta: talvez, dos presencistas, ele e o Saul Dias não tenham ainda obtido o reconhecimento merecido.
Um abraço também.

Ana Paula Sena disse...

Gosto muito da Cecília!

Lina Arroja (GJ) disse...

Li há dias num blogue, que se deixassemos a poesia entregue às mulheres, com o tempo ela acabava.
Depois de exemplos como este, quer comentar,RAA?

Ricardo António Alves disse...

Ana Paula: também eu.

Grande Jóia: comento com dois nomes de poetas portuguesas: Fiama Hasse Pais Brandão e Maria Teresa Horta, os primeiros que me vieram à cabeça. (Não sei em que contexto essa afirmação foi feita, mas pelo menos desde Safo que a poesia tem-lhes estado bem entregue...)
estava a rever o comentário e lembrei-me da Ana Luísa Amaral (só uma mulher assim escreve (e a Florbela e a Pedreira e, e, e...):|

Lina Arroja (GJ) disse...

Foi feita no sentido da mulher ser mais emotiva e também por ser fonte e musa de inspiração.

Mesmo assim, a inspiração e a emotividade não tem género, ou tem?

Ricardo António Alves disse...

Não, estou certo disso.