segunda-feira, janeiro 05, 2009

algumas considerações sobre a guerra em Gaza

Existe um problema de falta de liderança, quer em Israel (Olmert é um cadáver político há demasiado tempo), quer na Palestina (Abbas, outrora acusado de irrelevante por Livni, pode sair reforçado desta crise, mas será sempre uma vitória de Pirro), quer, principalmente nos EUA.
A circunstância de a camarilha que ainda pontifica em Washington ter dado cobertura total a Israel, independentemente das acções concretas que o estado judaico tomasse, tem prejudicado grandemente a própria estabilidade do país no médio/longo prazo.
Israel precisa de aliados fortes, mas críticos, para o seu próprio bem. Li algures que à euforia das comemorações dos 50 anos do país, sucedeu, na dos 60, um generalizado e amargo sentimento de angústia e preocupação pelo futuro.
A política cega da administração Bush na região, e em especial em relação ao Irão, conduziu a uma situação perigosíssima.
A demora na instituição do estado palestino é cada vez mais insustentável. Também aqui, os aliados de Israel não podem deixar de pressionar firmemente para que esse novo estado seja uma realidade a curtíssimo prazo, partilhando a capital em Jerusalém e prevendo direito de retorno dos exilados e seus descendentes.
Posto isto, e independentemente da alegada desproporção dos meios militares em presença, é óbvio que Israel tem direito a defender-se. A defender-se de quê? Do Hamas, que parece ser uma força heterogénea, mas que alberga no seu seio uns cães danados que adoram deus e matam o que for preciso, quem for preciso, como for preciso. Eliminar estes adoradores de nosso senhor, que lá toma o nome de alá, é uma medida higiénica. Há porém que perceber que há vozes divergentes no Hamas, e que um dos erros políticos graves mais graves foi ostracizá-lo quando ele demonstrou abertura para o diálogo, dando pasto às feras que nele se acolhem.

5 comentários:

ana disse...

Perdoe o comentário desajustado, mas não encontrei endreço de e-mail para lhe fazer chegar uma mensagem: o Abencerragem é o convidado desta semana no meu blog, http://palavrasdosoutros.blogspot.com/
Obrigada.

claras manhãs disse...

Olá Ricardo

Não me parece que a política da USA, se modifique com Obama, no que diz respeito a Israel e ao Irão.
Isso faz-me algum medo

Ricardo António Alves disse...

Ana: muito obrigado pela atenção. Já irei espreitar.

Olá Minucha.
Em relação ao Irão, não foram esses os sinais dados por ele. Veremos. Quanto a Israel, a situação é tão difícil, que, para já, não vale a pena especular muito antes das eleições de Fevereiro.
Um abraço

Ana Paula Sena disse...

Uma situação terrível e insustentável! Tão complexa que vai ser difícil conseguir resolvê-la um dia... que já deveria ter acontecido.

Seja de que forma seja, e atendendo a ambos os lados da questão, nunca posso concordar com a guerra, onde morrem inocentes indiscriminadamente. Qualquer solução deve adoptar-se pela via pacífica. Os estados poderosos têm que assumir uma posição clara contra a guerra.

Gostei de ler as suas considerações, nelas impera um senso de equilíbrio.

Ricardo António Alves disse...

Obrigado, Ana Paula. Aqui, o equilíbrio é difícil... :|