quinta-feira, julho 17, 2025

o que está a acontecer

«-- Sim, lutadora. Julgas que é fácil ser-se mulher dum oficial da marinha que não tem navios para se fazer ao mar? Julgas que é fácil ser-se mulher de um oficial da marinha que sonha com Índias e Vascos da Gama e que passa as noites a fazer as palavras cruzadas do jornal? Não é nada fácill, amigo Gonçalo, mesmo nada fácil...» Luís de Sttau Monteiro, Angústia para o Jantar (1961)

«Quanto a nós, visitávamos aos domingos os tios que sobravam do naufrágio da família, presos no Forte de Caxias por sabotagem económica, a verem as marés do Tejo a subirem e descerem na muralha  entre grades de celas e sovacos de pára-quedistas.» António Lobo Antunes, Auto dos Danados (1985)

«Pensou que levaria em breve o dedo ao gatilho da arma pronta a disparar; que o dedo e o queixo lhe tremiam sem controlo -- e o medo da noite e da morte, o infernal e nocturno medo de morrer, convertera já todo o seu corpo no corpo de um prisioneiro de guerra.» João de Melo, Autópsia de um Mar de Ruínas (1984)

1 comentário:

Manuel M Pinto disse...

«O meu ardor não é pelo facto em si. Luís de Camões, fidalgo ou plebeu, cortesão ou homem da rua, Céladon de moças da rainha ou fragoeiro de rascoas, morigerado ou amigo da arruaça -- tudo é pouco à face das 'Rimas' e muito mais dos 'Lusíadas'.»
Aquilino Ribeiro, "Luís de Camões - Fabuloso*Verdadeiro". Ensaio (1950)