Raramente vejo a sic, não tenho, por isso, de o ouvir. Mas como compro o Diário de Notícias, lá o leio, de vez em quando e a contragosto. Não há diferença nenhuma entre o que ele diz e o que ouvimos a pessoal como o secretário-geral da Nato, um qualquer ministro inglês dos Negócios Estrangeiros, um porta-voz da Casa Branca. Não, na verdade, há: o carregar nas tintas. Para este Germano Almeida, há que espicaçar, conformar e fazer aceitar a opinião pública da inevitabilidade da guerra.
Fala-nos dos "longos tentáculos da espionagem russa", que obviamente existe, mas cala-se em relação aos porta-vozes oficiosos dos interesses dos Estados Unidos, como vários comentadores ligados a institutos americanos. Não sei se é o caso, e na verdade estou-me nas tintas, de tal forma aparece como comentador comprometido com a estratégia estadunidense.
Vejamos o início deste parágrafo: "Sem uma Ucrânia democrática não haverá uma Europa democrática.» Está-se mesmo a ver, não é? Curiosamente, a democrática Finlândia, só para falar no caso mais evidente, aguentou-se como tal durante décadas, a fazer fronteira com a União Soviética, e nem precisou de aderir à Nato, uma vitória actual dos Estados Unidos e dos seus propagandistas.
Depois, defende que Putin está nos boletins de voto destas eleições. Pois estará, assim como o Pentágono e a CIA, mas para Germano ça va sans dire. Por mim, podem chamar-me putinista à vontade, apesar de alguns pergaminhos. Dito por esta tropa, é para o lado que durmo melhor. De qualquer modo, sem esquecer a brutalidade na Chechénia, contra a qual, nas minhas fracas possibilidades me insurgi (e posso prová-lo), não me esqueço convenientemente dos massacres da Segunda Guerra do Iraque -- nem agora da duplicidade mostrada perante os crimes do governo israelita.
O que escreve sobre a farsa da "Conferência de Paz" na Suíça, fá-lo sem um pingo de espírito crítico; é pura propaganda para convencidos e ignorantes. Mas tem quase razão quando diz que para a Rússia ver a Ucrânia na UE é, tornou-se uma impossibilidade -- ou não estivesse a UE transformada em instrumento dos EUA.
Lengalenga para atrasados mentais: "Não foi a Ucrânia que invadiu a Rússia; é a Rússia que está a invadir a Ucrânia.» Decididamente, nunca leu Platão. Além disso, "o próprio direito de fronteira -- sustenta -- passará a estar em causa", se a Rússia vencer a guerra. A Sérvia que o diga...
Finalmente, evoca Zelensky com o seu "os russos só entendem a linguagem da força", para terminar, funéreo: «E nós demorámos tempo demais a compreender isso verdadeiramente.»
Então que conclusões tirar, depois de lido este "especialista"? Que temos, Europa, de ir para a guerra. Há outra?
E porque vai a Europa para a guerra? Segundo Germano & Cia., é a democracia europeia que está em perigo com uma vitória da Rússia (ela está aí, semi, ou total). A obscena Nuland -- "Fuck the EU" -- não diria melhor.
2 comentários:
Esse rapazola devia ter continuado a fazer aquilo que fazia menos mal: jornalista de bola. Mas não, apesar de ainda ter alguns interesses nessa área (o pulha merecia uma investigação sobre as tropelias na FPF) dedica-se à propaganda mais asquerosa e mais estúpida que é possível. Enfim, também, que esperar de um canal de "notícias" financiado a fundo perdido sabe-se lá por quem e que tem como "correspondente" de guerra uma ucraniana-lusa? Puta que os pariu Ricardo, esse gajo, se tiver o azar de se cruzar comigo, não lhe toco, cuspo-lhe.
Germano Almeida é uma bom exemplo da parcialidade que povoa a maioria dos comentadores nacionais, com palco constante em todos os canais de televisão em horário nobre. Não é preciso muito para perceber que Germano Almeida não está ali para comentar, mas sim para "doutrinar" (algo que acusam o outro lado de fazer). Mas a verdade é que a opinião pública "papa" aquele discurso em três tempos, principalmente agora que o sol veio e os Santos estão aí.
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