«A minha curiosidade começou à ceia, quando eu desfazia o peito de uma galinha afogada em arroz branco, com fatias escarlates de paio -- e a criada, uma gorda e cheia de sardas, fazia espumar o vinho verde no copo, fazendo-o cair de alto de uma caneca vidrada: o homem estava defronte de mim, comendo tranquilamente a sua geleia: perguntei-lhe, com a boca cheia, o meu guardanapo de linho de Guimarães suspenso nos dedos -- se ele era de Vila Real.» Eça de Queirós, «Singularidades de uma rapariga loura» (1874), Contos (póst., 1902) / «Até então, eu encontrara sempre ali o maior silêncio, um abandono total, com esse sabor poético, fino, voejante, que parece destilado pelo ar e é próprio das ermidas que padroam as montanhas» Ferreira de Castro, O Senhor dos Navegantes (1954) / «E desde que a comadre confessara a inutilidade dos seus préstimos, justificando-se com a criança atravessada no ventre, nada havia ali a fazer salvo a ciência dum doutor.» Fernando Namora, «História de um parto», Retalhos da Vida de um Médico (1949)
terça-feira, novembro 21, 2023
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
«A Catedral era da grandura duma veiga, mas delicada e voluptuosa como uma rapariga. As suas tintas sorriam, as suas colunas em quincôncio cantavam, e do entrelace dos arcos e do redemoinho dos arabescos, uma sensibilidade quase táctil dispunha o pensamento à graça e à alegria.»
Aquilino Ribeiro, "Jardim das Tormentas - conto: A Catedral de Córdova", (1913)
Enviar um comentário