quinta-feira, novembro 19, 2020

o Evangelho contra-ataca: «Eurico o Presbítero» (21)

 continuar: «A ventura das armas muçulmanas tinha chegado ao apogeu, e a sua declinação começava, finalmente.» Capítulo XIX, «Conclusão», pp. 276-282 da minha edição.

Herculano optou por fazer em capítulo próprio o remate da narrativa amorosa (provisório), bem como o da história militar. Neste caso, com a vitória de Covadonga, começa o que se chamou a Reconquista: o Cavaleiro Negro, Eurico justicia o Conde de Ceuta e o bispo de Sevilha, Opas e deixa-se imolar por Muguite, o comandante do exército invasor. Nem outra morte seria admissível: exterminar os traidores e deixar-se matar pelo primeiro dos soldados inimigos. Em nota, o autor diz que a morte daquelas duas personagens históricas era controversa quanto à ocasião da sua ocorrência, e, portanto, enquanto ficcionista o noutras ocasiões historiador tomou as suas liberdades, como é natural. A Hermengarda, que perde a razão, está reservado o

explicit. «A desgraçada tinha, de feito, enlouquecido.»

Eurico o Presbítero é um dos primeiros romances da literatura portuguesa por várias razões, e oportunamente, aqui ou noutro lado, falarei delas. Entre a circunstância de sê-lo literalmente -- foi publicado em 1844 -- é-o também graças ao génio de Alexandre Herculano, um escritor totalmente do seu tempo como são os grandes, e ainda um estilista extraordinário, um verdadeiro escritor.  

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