quarta-feira, fevereiro 26, 2020

na estante definitiva

Não tem rosto de mulher, a guerra, proclama Svetlana Alexievich, e com verdade: haverá algo mais contranatura do que ter capacidade para gerar vida e em simultâneo tirá-la? No entanto, numa breve nota preambular, reproduzindo uma conversa com um historiador (pp. 11-12) não identificado -- Alexievich utiliza o método do inquérito antropológico e sociológico do informante, ocultando a identidade dos seus entrevistados --, somos esclarecidos que mulheres guerreiras houve-as desde a Antiguidade grega; e que na chamada Grande Guerra Patriótica um milhão de mulheres soviéticas integraram o Exército Vermelho, desempenhando todas as tarefas e missões que um conflito em larga escala implica; de tal modo que o léxico russo teve de adaptar-se à femininização de vocábulos até então exclusivamente masculinos.
Svetlana Alexievich, A Guerra não Tem Rosto de Mulher, (1985 - 1ª edição na União Soviética)

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