quinta-feira, fevereiro 15, 2018

tempo de manada

O estampido ampliou-se com a reacção dum estafermo à declaração de cem mulheres, cuja primeira subscritora foi Catherine Deneuve. Um resvalo recente foi a tentativa, entretanto gorada, de censurar uma tela extraordinária do Waterhouse, em Manchester.
Os imbecis e os cataventos prevalecem sempre em número. Por mim, não só vou continuar a postar muita pintura de beautiful girls, como já reatei uma rubrica muito irregular a que, em tempos intitulei "porque sim".
Em homenagem aos novos tempos, pensei dar-lhe o título mulherio, embora goste mais de gadinho; mas nem a primeira me satisfaz inteiramente, por demasiado chegada ao vulgar, nem a carinhosa ironia da segunda seria apreendida pelos pides, censores & capadócios de serviço (além poder prestar-se a elaborações indesejáveis com o vacum mais estafermo).
Continuará, portanto, e com muito afinco, porque sim.



12 comentários:

Manuel Nunes disse...

Esses pré-rafaelitas não são de confiança. E as modelos? Elizabeth Siddal, Anne Miller... Há que ter cuidado. Entretanto, esqueça o "mulherio" e o "gadinho", venha de lá o "porque sim". Sempre gostei muito dessas publicações no Abencerragem. Porque sim.

R. disse...

Estamos obsoletos, bravo Manuel!

sincera-mente disse...

Os tais estafermos (que a minha avó, antecipando o neologismo do Bruno Kalimero - Sportingados, preferia chamar de estafermados) são mentes geralmente mórbidas que querem à viva força acabar com o culto do Belo e com o picante da vida...

R. disse...

Nem mais meu caro (já ouvi essa dos 'sportingados', e percebi que se deve tratar dum espécie de insulto; mas como sou do Glorioso, e em verdade pouco atento ao fenómeno, a coisa passou-me à margem. No entanto, registemos uma contribuição do presidente lagarto para o enriquecimento do léxico -- não é para todos...).

Jaime Santos disse...

Deixe o termos bovinos exclusivamente para a manada de pudicos que pelos vistos também nos quer retirar o prazer sensível da contemplação do belo. Quanto às ninfas, serão sempre isso mesmo, ninfas...

R. disse...

Não conheço palavras inapropriadas, depende de quem, quando, onde e como as maneja.

Jaime Santos disse...

Sim e também a respeito de quê ou quem, esqueceu-se de dizer...

R. disse...

Não, não leu bem: se não conheço palavras inapropriadas, só "depende de quem, quando"... etc.

Jaime Santos disse...

Li, li, só que pelos vistos discordamos nisso...

R. disse...

É natural, e até desejável. Mas vá por mim: há não só muita polissemia nas palavras, mas, mais, e mais importante, uma plasticidade insuspeitada nelas, que se prende com a intencionalidade subjectiva do emissor (já para não falar da correspondente ao receptor).

Jaime Santos disse...

Nunca pensei que lhe fugisse o pé para a retórica pós-moderna... A ser assim, venha daí antes o vernáculo... Provou o seu ponto ;-) ...

R. disse...

Nem eu. Menos pós-modernismo, porém, e mais velha poética, talvez...