Nunca ligo às cãs nem à barba cada vez mais embranquecida quando me olho ao espelho. O bigode aguenta como pode. Os óculos escondem as olheiras, e a pele, vincos à parte, persiste resistente às rugas. Por isso, mantenho-me quase em adolescência quando é a obsolescência que se avizinha.
Há dias fui por duas vezes obrigado a pensar no tempo que passa por mim ao ver outros. De manhã, no jornal, a fotografia de alguém que não via há 21 anos. Tinha 39, hoje 60. Tive de confirmar de que se tratava da mesma pessoa. À hora do almoço encontro o meu primo Zeca, um ano mais novo, e pergunto-lhe. "Como está a tua neta?"
2 comentários:
A velhice é o preço a pagar por duas coisas boas na vida: a sabedoria (se fizermos por isso), e o ver as crianças à nossa volta crescerem e tornarem-se adultos e sujeitos autónomos. Uma observação trivial e um lugar comum, mas não menos verdadeira por causa disso...
É bem verdade. E se a trivialidade for verdadeira passa do senso comum ao bom senso, creio.
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