A PESCO, ou Cooperação Estruturada Permanente, em burocratês europeu. No descaso geral, e o que parece ser um amadorismo (ou leviandade) preocupante do governo e o voluntarismo do PR em fazer parte do pelotão da frente na constituição de um exército europeu em embrião, levanta as maiores dúvidas e preocupações.
Portugal -- que daqui a onze anos completará nove séculos de existência (Batalha de São Mamede, 1128) -- tem, no que respeita à política externa, três esteios a que não pode e/ou não deve fugir: a Geografia, a História e a Cultura.
Na Geografia, somos um país europeu de fachada atlântica e influência mediterrânica, e o estado no Velho Continente com as fronteiras definidas há mais tempo. As nossas prioridades e os nossos interesses geopolíticos permanentes (e aqui, à Geografia soma-se a História) serão sempre os nossos vizinhos: Espanha e Estados Unidos da América (e, por extensão, a Inglaterra), a Bacia do Mediterrâneo, em particular Marrocos, o Brasil e África de expressão portuguesa. Finalmente, por coerência cultural e opção civilizacional, pertencemos a um vasto complexo político e institucional que dá pelo nome de União Europeia, que tendo as suas implicações, não deve comprometer os vectores de política externa referidos.
Ora para quem como eu, foi e é, um defensor da União Europeia e do seu aprofundamento confederal, já não pode encarar com a mesma inocência de outrora, desde a crise das dívidas soberanas e do comportamento da Alemanha (pela acção) e da França ou da Itália (pela inacção), os riscos de construir mais uma vez pelo telhado um edifício de defesa comum sem garantias institucionais que têm de passar por patamares de poder e decisão de configuração confederal.
A história recente tem mostrado que na política da UE tem prevalecido a lei do mais forte, e por isso corremos o risco de sermos arrastados para conflitos em que os interesses não são os nossos, como sucedeu na Ucrânia, uma fraude arranjada pela Alemanha e amigos próximos, e na qual a Rússia mostrou não estar pelos ajustes -- e bem, do seu ponto de vista, e já agora do meu também.
Portugal, país europeu de dimensão média, tem, pois, a espessura de uma longa História e de uma forte identidade, e deve agir de acordo com ela. Que um assunto desta magnitude esteja a ser tratado politicamente em cima do joelho, isso sim, é um erro histórico.
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