Leio no DN que a comunidade muçulmana pretende construir novas mesquitas, em Lisboa e na sua área metropolitana, e também no Porto.
Como defensor da liberdade individual, que inclui a de culto, sou a favor dessas novas edificações, por várias razões, uma das quais é a de permitir a alguns milhares de imigrantes praticarem a sua fé, num contexto de ausência e saudade da terra, da família, dos amigos.
Não ignoro alguns dos potenciais problemas que o Islão traz às nossas sociedades liberais e democráticas, porque, por muito que os líderes muçulmanos tentem separar o radicalismo da religião, a verdade é que o islamofascismo repugnante e incompatível com a nossa sociedade é uma derivação do Islão, e tem financiamento de países pouco recomendáveis como a Arábia Saudita.
Seria, no entanto, estúpido que o Estado, estribado nesse medo, levantasse inultrapassáveis entraves burocráticos -- como só o Estado sabe criar -- para impedir a concretização desse anseio. E por várias razões:
1) Estigmatizar toda uma comunidade por causa de uma minoria radical, perigosíssima, embora, seria injusto e contraproducente;
2) Permitir que os muçulmanos exerçam o seu culto nas melhores condições, a exemplo dos cristãos ou dos judeus, além de ser humanista e justo, tem várias vantagens:
2.1) Exercer uma pedagogia sobre a indesmentível superioridade dos sistemas liberais que permitem a liberdade religiosa por contraponto à inaceitável proibição e perseguição que vários estados islâmicos exercem sobre cristãos e crentes noutras religiões, já para não falar dos ateus;
2.2) A sociedade e o Estado, dando todas as condições de igualdade aos muçulmanos, nacionais ou imigrantes, tem a autoridade moral e política de exigir a essa comunidade não apenas o respeito pelas leis e pela cultura do país, como responsabilizá-la pelo controlo e denúncia às autoridades de todos os episódios de desvio que possam surgir no sentido da radicalização islamita, que deve ser reprimida, dentro da Lei, com uma severidade que não deixe a ninguém margem para dúvidas quanto à intolerância da comunidade portuguesa e do Estado para comportamentos e práticas aberrantes, seja apelo ao terrorismo ou a vergonhosa excisão genital feminina.
Em resumo, a guetização é imoral e pouco inteligente; e, ao contrário do que se possa pensar, a criação de espaços de culto dignos desse nome, apenas contribuirá para uma melhor integração e conforto destes cidadãos na sociedade em que todos têm lugar. O resto é caso de polícia, de serviços secretos e do bom senso que tem caracterizado a comunidade islâmica portuguesa e os seus líderes.
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