Abel Ferrara, Pasolini, França, Bélgica e Itália, 2014 ("Selecção Oficial -- Fora de competição").
O último dia de Pier Paolo Pasolini, com magnífica intepretação de Willem Dafoe. Pasolini, assassinado pelo prostituto dessa noite de 2 de Novembro de 1975, após agressão dum bando de sicários em fúria homofóbica, como era então bem visto e as sociedades latinas então (se) permitiam. (Há também uma tese conspirativa, que, tal como em Welcome To New York, não é tida em conta por Ferrara.)
Mas o filme é muito mais do que a reconstituição dessas últimas horas de vida desta bête noire do conformismo burguês: é a própria visão desalentada de Pasolini acerca do caminho que a sociedade ocidental levava, bem expressa na entrevista que dá nessa jornada derradeira, em que, premonitório, detectava e antecipava o desafio que hoje se põe às sociedades democráticas, cada vez mais caricaturas delas próprias, doença que agora nos entra pelos olhos dentro: os cidadãos são-no cada vez menos, e cada vez mais consumidores -- e, como tal, sujeitos e títeres de organizações que paulatinamente os vão escravizando.
O último dia de Pier Paolo Pasolini, com magnífica intepretação de Willem Dafoe. Pasolini, assassinado pelo prostituto dessa noite de 2 de Novembro de 1975, após agressão dum bando de sicários em fúria homofóbica, como era então bem visto e as sociedades latinas então (se) permitiam. (Há também uma tese conspirativa, que, tal como em Welcome To New York, não é tida em conta por Ferrara.)
Mas o filme é muito mais do que a reconstituição dessas últimas horas de vida desta bête noire do conformismo burguês: é a própria visão desalentada de Pasolini acerca do caminho que a sociedade ocidental levava, bem expressa na entrevista que dá nessa jornada derradeira, em que, premonitório, detectava e antecipava o desafio que hoje se põe às sociedades democráticas, cada vez mais caricaturas delas próprias, doença que agora nos entra pelos olhos dentro: os cidadãos são-no cada vez menos, e cada vez mais consumidores -- e, como tal, sujeitos e títeres de organizações que paulatinamente os vão escravizando.
Sem comentários:
Enviar um comentário