«O engenheiro reagia como se tudo ali no prédio lhe pertencesse, desde a porteira às caixas do correio e ao guarda-nocturno. A sua tirania abrangia os decibéis de quem regulasse o aparelho de rádio ou a TV para ouvir uma orquestra mais puxada à barulhaça. Todo fanicos, o tipo. Mas tinha um Alfa Romeo de se lhe tirar o chapéu, que protegia metodicamente dos orvalhos com um resguardo de plástico. Enquanto os vizinhos se mofam, de manhã, para espevitar os motores, ele, triunfante e sarcástico, punha aquilo a estrondear ao primeiro contacto.»
Fernando Namora, O Rio Triste (1982)
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