«Nunca fora um daqueles mendigos certos, submissos, de carreira e clientela. Havia-os aos bandos, ou calcorreando em bicha de segunda a sábado, por esse Portugal. Aos domingos paravam às portas das igrejas. A missa estimulava a bondade. Trocavam entre si a memória de lamúrias e desenganos, para contar às pessoas sensíveis. Algumas famílias tinham o seu pobrezinho de estimação, reservando-lhes as melhores moedas, com um prato de sopa e um naco de pão. Os miseráveis atraíam mais os miúdos, que os esperavam à porta de casa em excitação e curiosidade. Mas não era, nenhum deles, o Menino Jesus.»
José de Matos-Cruz, os EntreTantos (2003)
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