As circunstâncias rocambolescas da Coroa portuguesa depois da morte de D. João VI (1826), com D. Miguel no exílio, regência da infanta Isabel Maria, império de D. Pedro no Brasil, entourage da rainha viúva Carlota Joaquina... uf!, e o povo de Lisboa, bem guardado, mas na expectativa...
A circunstância de não se fazer hoje historiografia assim, tão colada ao conjuntural, mesmo quando a pequena história possa espoletar os efeitos mais momentosos e inesperados, a verdade é que o acontecimento, o facto -- ou a percepção que dele possamos ter -- não pode nem deve ser ignorado, nem o papel do indivíduo pode ser subestimado, pesem todas a condicionantes.
Rocha Martins é um excelente exemplo. Os grossos volumes sobre o fim da monarquia são interessantíssimos e até essenciais para se comprovar a temperatura política do tempo. Monárquico liberal, opositor activo ao Estado Novo, estes escritos tinham também um objectivo cívico e político. Repare-se no antetítulo, "Liberdade Portuguesa"; tal como o explicit, nada inocente: «A Liberdade [com maiúscula...] estava implantada. Cabia aos seus adeptos defender o estatuto que D. Pedro IV outorgara, mas praticando as virtudes que exigem as doutrinas dos homens livres: o respeito pela opiniões alheias, dentro da Lei, e sem ofensa das que professamos. / Só assim existirá o verdadeiro equilíbrio do espírito democrático e liberal.»
Rocha Martins, A Carta Constitucional (s.d.)
Rocha Martins, A Carta Constitucional (s.d.)
Sem comentários:
Enviar um comentário