Por baixo do ar modernaço de Marine Le Pen, com que quer tranquilizar a boa consciência burguesa, move-se a pestilência do racismo, em especial antissemita, o vírus do ultramontanismo católico, o pus da homofobia, a animalidade violenta da extrema-direita, conluio involuntário de simplismo e crime. Estou mesmo a ver aqueles militantes da Frente Nacional: um perfeito rassemblement de marginais desocupados e pequenos e grandes frustrados, inspirados por alguns intelectuais, nostálgicos da grandeur que só encontram nos livros de História e gostariam de poder recuperar.
Não se segue que a FN ganhe daqui a oito dias, o problema é que estão a implantar-se, com a involuntária cumplicidade do sistema francês, medíocre e corrupto e bloqueado. Daí começar a tornar-se aceitável à consciência da pequena-burguesia urbana, para ela empurrada por ausência de alternativa, pelo inferno em que degenerou o seu quotidiano.
Então, pouco faltará para começarem a errar pelas ruas das cidades da província francesa as milícias para-fascistas, os vigilantes. A pequena-burguesia temerosa que neles votará, irá servir de carne para canhão como costume; os muçulmanos franceses (são quantos milhões?...) e outras minorias em perigo não ficarão à espera que lhes tratem da saúde.
O horizonte francês é sangrento.
2 comentários:
Assusta, este caminho da França. Assusta, ainda mais, porque a Europa está acossada e a ignorância leva a extremismos deste tipo.
Beijinhos Marianos!
Não sei se a Europa está acossada. Nós, estamos. E creio que mais do que ignorância, é uma mistura explosiva de desalento e de medo, um beco sem saída que está a ser criado em França, originando tempos negros. Oxalá me engane.
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