domingo, novembro 20, 2005

Andante maestoso

Acabo de ver no Mezzo, por mero acaso, uma gravação de 94 da 5.ª Sinfonia do Tchaikovski, dirigida pelo Claudio Abbado. E como sucede sempre que ouço esta peça do grande russo fico num estado de grande exaltação interior, em especial no quarto andamento, arrebatado e portentoso, com aquele final impensável que não termina nunca. Qualquer coisa de único e genial -- tanto ou mais do que o Adagio lamentoso da sinfonia seguinte, a última por sinal, que termina também duma forma inusitada, em patético apagamento, como dias depois da sua conclusão se extinguiria o compositor dela, tristemente.
E pensar que em tempos umas nulidades críticas que, como de costume, não viam dois palmos à frente do nariz, acharam o bom do Piotr Ilich, acompanhado, de resto, do seu contemporâneo alemão Brahms, uns músicos dispensáveis. Parece que os pobres se aborreciam com a circunstância de alguma da música dele servir para bailes, se calhar de debutantes. Daí a classificarem-no em conformidade foi um passo...

2 comentários:

Maria Noronha disse...

não conheço a sinfonia, mas o texto é eloquente! vou pesquisar na videoteca

Ricardo António Alves disse...

Lá irei ouvir. Edgard.
É formidável, Maria. Eu tenho uma gravação do Vladimir Ashkenazi cuja direcção me parece ainda mais vigorosa que esta do Abbado.