Como disse Gouveia e Melo na entrevista que deu à cnn-Portugal (só para esclarecer: não tenho o meu voto decidido para as presidenciais, a não ser numa eventual segunda volta: qualquer um que venha a defrontar o taberneiro oportunista), é melhor um mau plano de paz do que não haver plano nenhum.
Não é justo? Não é. E a sua maior falha talvez seja a ausência de um tal cronograma; mas mão diria que o plano é mau. Está aliás sustentadíssimo pela comunidade internacional, e desse ponto de vista não me lembro de uma possibilidade tão forte. E obviamente que as pressões sobre o Hamas devem ser muitas, o mesmo se passará com o degenerado Netanyahu.
Se houvesse justiça e o Direito Internacional fosse letra viva para quem detém a força (se calhar achavam que as violações do dito só ocorreram agora na Ucrânia...), as fronteiras seriam pelo menos as de 1967, e o p-m israelita, entre outros, estaria sentado no banco dos réus como genocida. Mas, como sempre, o que comanda a política internacional são os interesses e a força para os fazer valer. É da natureza humana -- digo eu, que sou um pessimista -- e da natureza dos estados. E pobres daqueles que no meio da voragem parecem não saber o que andam aqui a fazer (v.g. Portugal e a Guerra da Ucrânia).
Voltando a Gaza: o que deve orientar qualquer cúpula política que possa representar e servir um povo, para além do Direito e do Ideal -- e sem deixar de lado a ousadia -- nunca deve abandonar 1) o realismo na análise; 2) o pragmatismo na acção.
Qualquer acto que não imponha o opróbrio da submissão tem de ter em conta a correlação de forças. A força de Israel, suportada pelos americanos, é brutal, impiedosa, cruel -- e a passividade e a impotência da comunidade internacional diante do massacre, da limpeza étnica, do genocídio é inultrapassável. Resta a negociação, o direito, a contenção de danos.
Resta, acima de tudo, a vida das pessoas, entre os quais a dos inocentes que estão a ser chacinados todos os dias. Por isso é com desprezo que vejo o comentariado crítico que classifica como submissão & etc. a aceitação deste plano, qualificado e muito bem por Leão XIV como "realista". Volto a perguntar: qual é a alternativa? O extermínio que os maluquinhos dos fanáticos religiosos fariam diligentemente entre duas orações?...
É muito fácil a intransigência de princípios com o sangue e a vida dos que estão para lá longe e não nos são nada.
P.S. - Não estou optimista, a começar pelo facto de o dito Bibi estar na equação.
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3 comentários:
https://www.youtube.com/watch?v=npRXilfJN0A
MRocha
Só piquei - e do que ouvi:
Plano israelo-americano. Há outra possibilidade para acabar com a chacina (que ficará impune?) Se houver, é dizer e fazer saltar mais um prémio nobel para a mesa do canto.
Fala nos desdizer-se do Netanyahu. Isso também eu disse, logo depois de anunciado o 'acordo'. Lidamos com um criminoso? Sim, lidamos, que ficará impune. Se houver para aí um sniper que lhe enfie um balázio nos cornos, é preparar o quarto prémio nobel.
O Hamas não foi tido nem achado, daí que para o Mershmeier o plano seja um desastre (reporto só o que ouvi). Essa é de rir, e nem me dou ao trabalho de comentar. Já agora: eles ainda não disseram nada, pois não? É porque estão divididos; por alguma razão será aceitando ou rejeitando; mas se rejeitarem estão refodidos, e entregam os palestinos inocentes à chacina, coisa de somenos para quem tem o Paraíso assegurado. Espero que o Mershmeier tenha dito algo sobre o esmagador apoio árabe ao plano e também islâmico, com todos os grandes países dentro, com a excepção expectável do Irão. Algum mérito este cabrão de plano há-de ter, nem que seja o seu alegado realismo, segundo o Papa.
Para mim, o primeiro: parar a chacina que, digo outra vez, ficará impune. Proclamações à custa da vida das crianças palestina e suas famílias não é para mim.
Mearsheimer...
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