quarta-feira, janeiro 31, 2024

preparem-se que vêm aí os russos! - ucranianas CCXXI

Hoje, à hora do almoço, televisão do restaurante sintonizada na RTP3, canal estatal, entro ao mesmo tempo que o José Estaline. Campainhas soam. Ainda ontem no carro, ouvira, na rádio Observador, um dos vários bufarinheiros do Pentágono que para aí peroram (ou exibem a incompetência) dizer que, tratando-se a Rússia de uma potência agressiva, a Europa tinha de rearmar-se, isto para não haver  surpresas numa possível invasão, até porque um bufarinheiro sénior europeu alertava para uma próxima guerra entre a Nato e a Rússia.

A propósito da agressividade russa, não ocorreu ao bufarinheiro falar da provocação da Geórgia, quando Putin assistia ao Jogos Olímpicos de Pequim, nem na golpada na Ucrânia: o que ele e outros como ele pretendem é preparar as mentes para uma de duas, ou ambas, até: uma, justificar dessa forma os gastos militares; a possibilidade de um confronto na Europa, no quadro da eleição de Trump, que adoptará uma política isolacionista ou virada para o Pacífico.

Estava a entrar no restaurante e percebi que havia coisa, ainda para mais agora que as imagens mostravam a invasão soviética de Budapeste '56, seguida da de Praga '69, com as imagens de Dubcek -- um dos meus heróis, como sempre digo quando o menciono ou escrevo o seu nome. Mais um bocado, claro, Putin, inevitavelmente, e a mensagem -- subliminar para os ignorantes da aldeia: vêm o perigo?, a ameaça?, a necessidade de canalizar fundos para o complexo militar-industrial?... Aliás, o bufarinheiro de ontem dizia-o claramente: é preciso fazer ver ás pessoas etct., etc.

Fui ver se havia alguma efeméride sobre a revolta de Budapeste ou a Primavera de Praga que me estivesse a escapar. Não há, é claro; é apenas a Televisão do estado português a entrar obedientemente no processo de sensibilização ou de lavagem cerebral, melhor dizendo.   

Por outro lado, é notável como indirectamente assumem o fracasso da sua política trágica relativamente á Ucrânia, a sua derrota em toda a linha, a sua incompetência, desonestidade e vigarice. Quem os ouvia há meses e quem os ouve agora, aterrorizados com a Rússia na falta receada do próximo patrão americano. Que pulhas, que bandalhos!


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