terça-feira, agosto 09, 2022

A CATEDRAL, de Manuel Ribeiro (1920) cap. XII

Continuar: «Este episódio da capela do Sacramento marcara nova fase na paixão de Maria Helena.» (p. 213 da minha edição)

Um capítulo que se resume ao colóquio entre condessinha e o preceptor, monsenhor Santana, que expende os argumentos não apenas do desnível de posição social -- a impossível ligação entre uma representante da grande nobreza e um vulgar artista, de nascimento ilegítimo --, a que acresce a desconfiança perante uma suposta devoção de Luciano, nada canónica: «Não se iluda, Maria Helena. A paixão desse rapaz pela Igreja não é a nossa sólida e tranquila fé católica; é uma exaltação doentia da sensibilidade, quando muito veleidade artística em que a religião só entra como factor decorativo. Um desequilibrado, afinal, é que ele é! Pois que há-de chamar-se a uma criatura que vive na igreja e não pratica, que reza o ofício e não comunga Deus?»

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