Como não vivemos num mundo ideal, compreendo a prudência manifestada pelo PR, dando de barato que ele se orienta pelas sua crenças e convicções católicas, algo que não devem ser impostas a ateus, como é o meu caso, que, de formação católica, lança as mãos à cabeça pela forma como as pessoas fogem ao desespero da morte agarrando-se a histórias da carochinha, algumas bem bonitas, como a que vamos celebrar agora pelo Natal, e que para mim será sempre um pretexto de reunião familiar. (Sou um homem de família, felizmente.)
Essa formulação, que indistingue (peço perdão pela palavra) doença fatal de doença incurável, pode ser uma porta aberta para o bicho-homem tratar de eliminar os velhinhos improdutivos e maçadores -- dando, de resto, razão às preocupações manifestadas pelo PCP, que são as únicas que acolho. Não deixa de ser curioso de como esta posição, aliás justa, dos comunistas, infirma o seu optimismo antropológico; mas isso é outra conversa.
No entanto, há problemas. Mesmo não se tratando de doença fatal, provocando grande sofrimento, que autoridade pode ser invocada para obrigar alguém que está há décadas confinado a uma cama a continuar a viver? Em nome de quê? De uma fantasmagoria absurda a que chamam deus? Impor uma parvoíce dessas a quem vê tal como é, uma parvoíce explicada pelo medo da morte, é duma crueldade moral intolerável e imbecil.
P.S. - há por aí uns certos católicos que me fazem confusão. Dizem-se tal e são pela eutanásia. Decidam-se lá pela eira ou pelo nabal.
P.S.2 - Todo o respeito pelos místicos, nenhum pelos que pretendem impor aos outros as suas manias.
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