segunda-feira, novembro 29, 2021

na estante definitiva

 

40 Anos de Servidão, Jorge de Sena – Uma poesia culta e visceral, que pelas vísceras se comunica, ficando nós leitores também mais cultos e descarnados.

Grande poeta e ensaísta, além de romancista, dramaturgo, contista, epistológrafo, Jorge de Sena (Lisboa, 2 de Novembro de 1919 – Santa Bárbara, Califórnia, 4 de Junho de 1978) concentra a dupla característica do criador excepcional com a excepcionalidade do juízo crítico. Pertence à classe dos cerebrais, os que reflectem sobre a própria obra como se de um recenseador terceiro se tratasse (mas nunca trata, na verdade...).

Creio que foi o primeiro livro seu que comprei, e ainda muito novo fiquei esmagado por aquela raiva frontal. Há poemas cujo tom nunca mais esquece. Livro póstumo, organizado pela mulher, Mécia de Sena, de acordo com o que o marido deixara já preparado, contém inéditos e dispersos escritos entre 1938 e 1978, agrupados por ordem cronológica, em paralelo com os títulos da obra édita. O prefácio ostenta uma comovente epígrafe extraída do Hamlet de Shakespeare, seguindo-se a tradução do próprio Sena ...Good night, sweet prince; / And flights of angels sing thee to thy rest! -- ...Boa noite, doce príncipe; / e que revoadas de anjos te conduzam / cantando ao teu repouso.

(1.ª ed., 1979; 2.ª, revista, Lisboa, Moraes Editores, 1982)

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