Sempre vivi com o turismo. Com dias, fui para casa dos meus avós maternos, no centro do Estoril. Há 53 anos no concelho de Cascais, estou habituado e gosto.
Em 1964, o Estoril não tinha nada que ver com o resto do país; era, como escrevera Jaime Cortesão oito anos antes, um mundo fora do mundo num país parado no tempo. No entanto, nada que ver com esta avalancha infernal que muito contribuiu para nos tirar da lixeira da Standard & Poor's, uma das muitas organizações mafiosas da finança que jogam com a vida das pessoas, com a cumplicidade de agentes políticos, a cobardia de outros e uma certa determinação combinada com uma finura cágada, como a do nosso Primeiro.
Bom, mas quanto tempo vai durar esta vida quasi petrolífera? Um ano?, uma década? (sabemos lá o que vai ser do mundo daqui a dez anos); um século? Aguenta-se a civilização mais um século? Aqui ou na Lua?, em Marte?...
É bom, como muitos têm alertado, que saibamos preparar-nos para o pós-turismo de multidões, para depois não ficarmos com cidades-fantasma nos braços nem de mãos nos bolsos, sem saber o que fazer e por onde começar, como quando, no outro dia, acabaram as especiarias do Oriente e o ouro do Brasil, especados a olhar para um país a fazer.