Confesso que, com o passar dos anos, vejo com mais simpatia a revolta que a revolução. A primeira é um levantamento espontâneo e quase invariavelmente legítimo contra um poder injusto. O culto da revolução é uma das expressões da desmesura de hoje -- desmesura que é, no fundo, um acto de compensação de uma fraqueza intrínseca e uma carência. Procuramos na revolução o que os nossos antepassados procuravam na religião: a salvação, o paraíso. A nossa época derrubou os deuses e os anjos do céu, mas herdou do cristianismo a antiquíssima promessa de mudar a humanidade. Essa transformação, tal como antigamente a graça, tornaria outros os homens e as mulheres.
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Uma Terra, Quatro ou Cinco Mundos
(tradução de Wanda Ramos)
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