A propósito do título, este pequeno livro de 172 páginas vem substitui um outro da célebre «Colecção Saber», da Europa-América (muito suportada para os títulos estrangeiros na célebre «Que sais-je?», da PUF), a breve História da Literatura Portuguesa, que gostaria de ter à mão para ver as balizas. Iniciação é um título que dá liberdade ao autor, permitindo-lhe um grau maior de liberdade e subjectividade que o substantivo História denega. Mantenho, no entanto, que é sempre arriscadíssimo entrar pelo nosso tempo adentro, sem fugir às antipatias, ajustes de contas, sem falhar. Por isso, se o autor tivesse parado ao fim de dois terços do XIII e último capítulo, sustendo-se por pelos autores a que se refere nascidos em torno de 1900, Ferreira de Castro, Vitorino Nemésio, José Rodrigues Miguéis e José Régio -- os quatro maiores da sua geração no romance (Castro), poesia (Nemésio), conto e novela (Miguéis) e ensaio (Régio) --, a obra estaria "imaculada".* A alteração realizada (que diz o autor não ser meramente uma mudança de título) o que se compreende, atendendo à evolução do seu pensamento) permite, pois, a liberdade de dizer que numa súmula da literatura portuguesa, o iniciado deverá "forçosamente" ler os autores referidos, mesmo salvaguardando, como o faz para o século XX o mais extenso dos capítulos, que é impossível referir todos os autores de valor. Mas há sempre uma escolha, e neste particular, é curioso ver que foi eliminado. Destas ausências, haverá umas que percebo e outras que não. E há ainda as que me divertem, concordando ou não.
* Nemésio, não sendo o maior romancista da sua geração, é autor do melhor romance da literatura portuguesa já lido por mim, e não sou o único a ter esta opinião, e era um ensaísta genial. Régio, não sendo o maior poeta da sua geração, é grande em todas as áreas em que trabalhou.
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