António José Saraiva (1917-1993) foi um dos grandes ensaístas e historiadores da literatura e cultura portuguesas do século XX.
Inquisição e Cristãos-Novos (1969) foi o primeiro que li, que é do meu Pai, inesquecível -- até pela acesa polémica que originou com I. S. Revah (1917-1973), que Saraiva incorporou numa reedição, com bastante
fair play.
A Tertúlia Ocidental (1991) é uma filigrana, própria de quem muito escreveu e pensou, como sucede com as obras dos grande autores no fim da vida. Num outro registo,
Maio e a Crise da Civilização Burguesa (1970) é um inesquecível testemunho sobre o Maio de 68, vivido com uma alegria libertária, já afastado do PCP, de que foi um dos mais proeminentes intelectuais. Co-autor de uma monumental
História da Literatura Portuguesa (1ª ed., 1961), com Óscar Lopes, escreveu também súmulas sobre a mesma, a última das quais é uma
Iniciação na Literatura Portuguesa (1985), que só agora li, vinte anos depois de a comprar.
Como se não tivera nada mais para fazer, fui interpelado por este resumo brilhante, que vai até aos "novíssimos" seus contemporâneos. Estava tentado a dizer que ele se espalha no século XX, em que deveria ter ficado pelo Ferreira de Castro, o José Régio, etc. Mas não. Ele não se espalha efectivamente -- a não ser no neo-realismo, de que foi uma das cabeças de cartaz; mas ele faz uma escolha, e assume-a, mesmo ressalvando o que de bom fica de fora.
É um livrinho esplêndido, e vou passar o resto das férias a passear com ele por aqui, a fazer aquelas continhas de que gosto.
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