«E José pousou o copo vazio no balcão, e junto à sua pele, sob a luz, sob as palavras, instantâneo, materializou-se o sorriso vadio do demónio. Sorria. Era o único que não trazia a pele escura do sol, trazia camisa e calças passadas e vincadas, cabelo penteado entre a boina e as saliências dos cornos. Era o único que sorria. Dois copos de tinto, pediu sorrateiramente. José não precisou de o olhar. Em silêncio, esperou os copos cheios até à gota que lhes faltou para que transbordassem.»
José Luís Peixoto, Nenhum Olhar (2000)
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