quarta-feira, janeiro 13, 2010

Antologia Improvável #415 - Sabino de Campos

A MORTE DO SINEIRO

O Antônio "Sexta-Feira", sapateiro,
Passou a ser sineiro porque quis:
E ficou-se a levar o tempo inteiro,
Badalando no sino da Matriz.

Ali, ora festivo, ora agoureiro,
Era o aluno mais feio e mais feliz
De Quasimodo, o célebre sineiro
Lá de Nossa Senhora de Paris.

Na sua tôrre, livre do demônio,
Passavam missas, festas, mortes, tudo,
Na voz do sino, pelas mãos do Antônio.

Quando morreu, velhinho, abandonado,
O sino da matriz, ingrato e mudo,
Nem teve um dobre para o desgraçado!

João Pessoa -- Paraíba -- Fevereiro de 1947.


Natureza
imagem daqui

1 comentário:

Ricardo António Alves disse...

Eu creio que está certa (nunca li o «Notre Dame de Paris», apesar de o ter...).
Bom, mas o Quasi seria lindo, e o poema deste brasileiro também o é.