APRESENTAÇÃO
Aqui está minha vida -- esta areia tão clara
com desenhos de andar dedicados ao vento.
Aqui está minha voz -- esta concha vazia,
sombra de som curtindo o seu próprio lamento.
Aqui está minha dor -- este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está a minha herança -- este mar solitário
que de um lado era amor e, do outro, esquecimento.
Retrato Natural / Antologia Poética
quarta-feira, setembro 30, 2009
terça-feira, setembro 29, 2009
por qualquer razão que me escapa,
a declaração presidencial de hoje fez-me lembrar bons velhos tempos. A verdade é que, desde a época de Pinheiro de Azevedo, não me recordo de assistir a uma intervenção mais desastradamente atabalhoada. Aguardemos os próximos capítulos.
foto daqui
segunda-feira, setembro 28, 2009
perdas & ganhos
O PS, perdendo, ganhou confortavelmente.
O PSD, com um score praticamente igual ao da liderança de Santana Lopes, naufragou até à próxima liderança. O eleitorado mostrou que não se deixa impressionar pelos espantalhos que a fome do Poder agitou.
O CDS ganhou em toda a linha.
O BE, ganhando, perdeu. Foi ultrapassado pela direita e a hipotética maioria de esquerda não dispensará o PCP.
A CDU, ganhando, também perdeu, simbolicamente. Se mantiver as suas grandes autarquias, a decepção passará depressa.
Os portugueses não são parvos.
domingo, setembro 27, 2009
Antologia Improvável: 400 poemas
Os Poetas:António Graça de Abreu, Casimiro de Abreu, Paulo Abrunhosa, José Afonso, Sebastião Alba, Manuel Alegre (3), Ed. Bramão de Almeida (4), Marquesa de Alorna, Adalberto Alves, Pedro Alvim, Ana Luísa Amaral (4), Fernando Pinto do Amaral, Carlos Drummond de Andrade, Eugénio de Andrade (3), Sophia de Mello Breyner Andresen (4), António Lobo Antunes, Mário Avelar (2), Manuel Bandeira, José Agostinho Baptista (2), António Barahona (4), Frederico Barbosa, João de Barros (7), Ruy Ferreira Bastos, Ruy Belo (4), Edmundo de Bettencourt, Rebelo de Bettencourt (2), Olavo Bilac, Manuel Maria Barbosa du Bocage, António Botto (6), Rosa Alice Branco, Fiama Hasse Pais Brandão (2), Tomás Pinto Brandão, Francisco Bugalho, Fernando Cabrita, Alberto Caeiro, João Camilo, Luís de Camões (2), Álvaro de Campos, João Candeias, Luís Cardim, Luís Adriano Carlos, Papiniano Carlos, Armando Silva Carvalho, Gil Nozes de Carvalho, Afonso de Castro (2), Eugénio de Castro (3), Fernanda de Castro (2), Lourdes Borges de Castro (3), Catulo da Paixão Cearense, Mário Cesariny, Latino Coelho, Rui Coias, Levi Condinho, Alexandre de Córdova, Raimundo Correia, Cristino Cortes, Armando Cortes-Rodrigues, António Carlos Cortez, Francisco Alves da Costa, Francisco Costa (3), paulo da costa, Rui Costa, José Craveirinha (4), Luís Filipe Cristóvão, Frei Agostinho da Cruz, Liberto Cruz, Tomás Vieira da Cruz, Júlio Dantas (2), Saul Dias (5), Mário Dionísio, Afonso Duarte (2), Américo Durão (2), José Emílio-Nelson (3), Florbela Espanca (3), Fernando Jorge Fabião (3), Leonel Fabião, José Fernandes Fafe, Admário Ferreira (3), Fernando Pessoa Ferreira, José Gomes Ferreira, Jaime Ferreri, Campos de Figueiredo, Daniel Filipe, Martins Fontes (7), José do Carmo Francisco (2), Natércia Freire, Manuel de Freitas (4), Sebastião da Gama (2), António Gedeão, Sérgio Godinho, Tiago Gomes, José Carlos González (2), Manuel Gusmão, Fernando Grade (3), Teresa Guedes, Cândido Guerreiro, António Pinheiro Guimarães, Delfim Guimarães, Fernando Guimarães (2), Alfredo Guisado (2), Dick Hard, Ana Hatherly (2), Hilda Hist, Homero Homem, Maria Teresa Horta (6), Daniel Jonas, João Miguel Fernandes Jorge (3), Fausto José, Nuno Júdice (2), Tomaz Kim, Rui Knopfli (4), Alberto de Lacerda (6), Rui Lage, Manuel Laranjeira, Gomes Leal, Fernando Leiro, Ângelo de Lima (2), Jorge de Lima, Eugénio Lisboa, Teresa Rita Lopes, Pedro Ludgero, Helder Macedo, valter hugo mãe, Olegário Mariano, José-Alberto Marques, Carlos Matias, Mário Máximo, Aluízio Medeiros, Cecília Meireles (4), Anísio Mello, Pedro Homem de Mello, João Cabral de Melo Neto (2), Augusto Oliveira Mendes, José Tolentino Mendonça (4), João Pedro Mésseder (2), Isabel Meyrelles (3), Joseia de Matos Mira, Jorge Gomes Miranda (2), Sá de Miranda, Luís de Montalvor, Adolfo Casais Monteiro, João Paulo Monteiro (Ângelo Novo), Sacramento Monteiro, Vinicius de Moraes, Yolanda Morazzo, Joaquim Gomes Mota, Vasco Graça Moura (2), David Mourão-Ferreira (4), Sidónio Muralha (3), Carlos Nejar (6), Vitorino Nemésio, Agostinho Neto, Leonel Neves, Moreira das Neves, Orlando Neves, Faustino Xavier de Novais, Carlos de Oliveira (8), José Alberto Oliveira (4), Alexandre O'Neill (7), Fernando Assis Pacheco (3), Joaquim Paço d'Arcos, Teixeira de Pascoais (2), Bernardo de Passos (2), António Patrício, Luís Brito Pedroso, José Luís Peixoto (2), Carlos Pena Filho, Helder Moura Pereira (2), Miguel Serras Pereira, Fernando Pessoa (2), Isabel Cristina Pires, António Quadros, Carlos Queirós, Antero de Quental, Luís Quintais, Nuno Rebelo, José Régio, Jorge Reis-Sá, Augusto Ricardo, Jaime Rocha, Armindo Rodrigues (2), Daniel Maia-Pinto Rodrigues (2), Fernando Tavares Rodrigues, António Ramos Rosa (4), Isabel de Sá (4), Eduardo Salgueiro (2), Ruth Sylvia de Miranda Salles, José Carlos Ary dos Santos (3), António Sardinha, Olga Savary, Artur do Cruzeiro Seixas (3), Jorge de Sena (5), Manuel Sérgio, Alberto de Serpa (2), Joaquim Manuel Pinto Serra, Maria Augusta Silva, Onésimo Silveira, Ana Maria Soares (2), António de Sousa, J. Santos Stockler, Pedro Tamen, José Correia Tavares, José Rui Teixeira (2), Paulo Teixeira (2), Nicolau Tolentino, Miguel Torga, Alexandre Pinheiro Torres, José Manuel Travado, J. O. Travanca-Rêgo, André Varga, João Vário, José Veiga, Francisco José Viegas, Arménio Vieira, Vergílio Alberto Vieira, Virgínia Vitorino (2), Duarte de Viveiros (2), Eno Theodoro Wanke.
sábado, setembro 26, 2009
sexta-feira, setembro 25, 2009
Caracteres móveis - Erskine Caldwell
quinta-feira, setembro 24, 2009
quarta-feira, setembro 23, 2009
caderninho
terça-feira, setembro 22, 2009
figuras de estilo - Almeida Garrett
segunda-feira, setembro 21, 2009
domingo, setembro 20, 2009
Antologia Improvável #400 - João Vário
NÃO É PARA MIM
a J. B.
Subi todos os degraus
que o ar constrói
nas palmas das mãos dos homens.
Vesti as roupas ásperas
que o vento enrola
no corpo de todos os homens,
e senti os seus dedos arenosos
despertarem-me, persuasivos,
para uma vida livre e errante.
Vivi na praia
o eterno namoro do mar,
a sua poesia arrebatada,
a sua música quente e apaixonada.
Mas a música
a poesia,
a vida livre e errante,
as imagens
são uma verdade longínqua
que não é sossego
nem para o meu espírito
nem para a minha carne...
Horas sem Carne / No Reino de Caliban I
(edição de Manuel Ferreira)
a J. B.
Subi todos os degraus
que o ar constrói
nas palmas das mãos dos homens.
Vesti as roupas ásperas
que o vento enrola
no corpo de todos os homens,
e senti os seus dedos arenosos
despertarem-me, persuasivos,
para uma vida livre e errante.
Vivi na praia
o eterno namoro do mar,
a sua poesia arrebatada,
a sua música quente e apaixonada.
Mas a música
a poesia,
a vida livre e errante,
as imagens
são uma verdade longínqua
que não é sossego
nem para o meu espírito
nem para a minha carne...
Horas sem Carne / No Reino de Caliban I
(edição de Manuel Ferreira)
sábado, setembro 19, 2009
quinta-feira, setembro 17, 2009
Caracteres móveis - Neno Vasco
O homem não é bom nem é mau. É um animal sociável com paixões e necessidades. Colocai um ser dotado de fortes paixões em certas condições, e tereis um bandido ou um tirano; colocai-o noutro ambiente mais equilibrado e harmónico, sem meios de fazer mal, com as necessidades satisfeitas, e tereis um herói ou um inventor. Criai o antagonismo dos interesses, fazei com que um ganhe com o mal do outro, dai a uns a possibilidade de governar e explorar os outros, obrigai os homens a lutar entre si para viver, e eles serão maus, odientos, dominadores e exploradores; suprimi as causas de divisão, os instrumentos de exploração e domínio, e tê-los-eis cada vez mais pacíficos e sociáveis, capazes de acordo para o bem comum.
Concepção Anarquista do Sindicalismo
quarta-feira, setembro 16, 2009
Antologia Improvável #399 - Daniel Filipe
ROMANCE DE TOMASINHO-CARA-FEIA
Farto de sol e de areia,
que é o mais que a terra dá,
Tomasinho-Cara-Feia,
vai prà pesca da baleia.
Quem sabe se tornará?
Torne ou não torne, que tem?
Vai cumprir o seu destino.
Só nha Fortunata, a mãe,
que é velha e não tem ninguém,
chora pelo seu menino.
Torne ou não torne, que importa?
Vai ser igual ao avô.
Não volta a bater-me à porta;
deixou para sempre a horta,
que a longa seca matou.
Tomasinho-Cara-Feia,
(outro nome, quem lho dá?)
farto de sal e de areia,
foi prà pesca da baleia.
-- E nunca mais voltará.
A Ilha e a Solidão / No Reino de Calibã I
(edição de Manuel Ferreira)
Farto de sol e de areia,
que é o mais que a terra dá,
Tomasinho-Cara-Feia,
vai prà pesca da baleia.
Quem sabe se tornará?
Torne ou não torne, que tem?
Vai cumprir o seu destino.
Só nha Fortunata, a mãe,
que é velha e não tem ninguém,
chora pelo seu menino.
Torne ou não torne, que importa?
Vai ser igual ao avô.
Não volta a bater-me à porta;
deixou para sempre a horta,
que a longa seca matou.
Tomasinho-Cara-Feia,
(outro nome, quem lho dá?)
farto de sal e de areia,
foi prà pesca da baleia.
-- E nunca mais voltará.
A Ilha e a Solidão / No Reino de Calibã I
(edição de Manuel Ferreira)
terça-feira, setembro 15, 2009
caderninho
segunda-feira, setembro 14, 2009
domingo, setembro 13, 2009
da campanha - e a UE?
A ausência das questões europeias dos últimos debates, a começar pelo Tratado de Lisboa, embora esperada, não deixa de impressionar. Os partidos não quiseram tratar disso, creio que por duas razões: em primeiro lugar estariam a dar um trunfo a José Sócrates, pela forma como liderou a UE durante a presidência portuguesa; depois, ninguém quer saber da Europa para nada. Um exemplo entre muitos de indigência cívica.
da campanha - o grupo dos cinco
José Sócrates -- É um pragmático. Ganhou todos os debates. Menos bem contra Jerónimo, saiu-se melhor com Portas e em especial com Louçã. Foi arrasador com Manuela Ferreira Leite. Não me lembro de rir tanto e tão continuadamente num frente-a-frente. Ao contrário do que sucedeu há quatro anos, agora voto nele, até por exclusão de partes.
Manuela Ferreira Leite -- É uma nulidade política. Naufragou neste ciclo de debates. Veste um fato que não é o dela.
Jerónimo de Sousa -- É genuíno, na sua condição de dirigente comunista de extracção operária e na ortodoxia. Do ponto de vista pessoal, é com quem mais simpatizo.
Francisco Louçã -- A perspectiva do Poder centrou-lhe a retórica. Continua, apesar de tudo, com aquelas entoações de quem é detentor da verdade revelada. Há boa maneira marxista-leninista-trotskista, trata o adversário com acinte. Ficarei espantado se as sondagens de hoje reflectirem o score eleitoral do BE.
sábado, setembro 12, 2009
Antologia Improvável #398 - Yolanda Morazzo
A UMA QUALQUER
Não foi por amor ao dinheiro
nem foi por jóias
nem sequer por um vestido de seda.
Nem foi também por teres casa
móveis decentes melhor vida.
Não, não foi por nada disto.
Tu, só tu sabes porque sorriste
e o teu coração bateu um pouco mais forte
quando o barco americano entrou no porto...
In No Reino de Caliban I
(edição de Manuel Ferreira)
Não foi por amor ao dinheiro
nem foi por jóias
nem sequer por um vestido de seda.
Nem foi também por teres casa
móveis decentes melhor vida.
Não, não foi por nada disto.
Tu, só tu sabes porque sorriste
e o teu coração bateu um pouco mais forte
quando o barco americano entrou no porto...
In No Reino de Caliban I
(edição de Manuel Ferreira)
sexta-feira, setembro 11, 2009
quinta-feira, setembro 10, 2009
capismo
capa de Victor Palla para o volume de Erskine Caldwell na Antologia do Conto Moderno
2.ª edição, Atlântida, Coimbra, 1960
caderninho
A diversidade de pontos de vista que se pode ter, por exemplo, de uma maçã: o ponto de vista de um jovem, que tem de esticar o pescoço para vislumbrar a maçã que está em cima do tampo da mesa e o ponto de vista do dono da casa que pega na maçã e a dá livremente ao conviva. Franz Kafka
«Aforismos» (tradução de Álvaro Gonçalves)
quarta-feira, setembro 09, 2009
figuras de estilo - Miguel Torga
Antologia Improvável #397 - Onésimo Silveira
RAINHA
Lulucha só dançou um carnaval...
Má um carnaval de tal manêra
Que nem na Djacô
Nem na nhô Zé de Canda
Nem na nhô Jom Tolentino
Havia lembrança dum carnaval assim!
Seu primeiro -- seu último carnaval
No sobrado de nha Dublinha
Com música de Morgadim
E marcha de B. Léza
-- Quando é que tinha havido um carnaval assim
Com menininhas ricas de fantasias
E ela sempre à janela
Para lhe verem de fora a sua vestimenta de rainha
Luzir ao sol de petromax?
Seu primeiro carnaval
Gozando a sabura da noite
Nos braços de Djósa, sê cretcheu;
Girando que nem uma serpentina
Ah, nunca tinha havido um carnaval assim!
Seu primeiro -- seu último carnaval
Numa Terça-Feira de Carnaval
No peito de Djósa
Na boca de Djósa
No corpo de Djósa
Ah, carnaval assim nunca tinha havido!
Nunca tinha havido um carnaval assim
A bailar na concha dos seus olhos
A sorver-lhe todos os sorrisos, todas as esperanças
Todas as noites
Depois da sua primeira -- da sua última noite de carnaval!
Hora Grande / No Reino de Caliban I
(edição de Manuel Ferreira)
Lulucha só dançou um carnaval...
Má um carnaval de tal manêra
Que nem na Djacô
Nem na nhô Zé de Canda
Nem na nhô Jom Tolentino
Havia lembrança dum carnaval assim!
Seu primeiro -- seu último carnaval
No sobrado de nha Dublinha
Com música de Morgadim
E marcha de B. Léza
-- Quando é que tinha havido um carnaval assim
Com menininhas ricas de fantasias
E ela sempre à janela
Para lhe verem de fora a sua vestimenta de rainha
Luzir ao sol de petromax?
Seu primeiro carnaval
Gozando a sabura da noite
Nos braços de Djósa, sê cretcheu;
Girando que nem uma serpentina
Ah, nunca tinha havido um carnaval assim!
Seu primeiro -- seu último carnaval
Numa Terça-Feira de Carnaval
No peito de Djósa
Na boca de Djósa
No corpo de Djósa
Ah, carnaval assim nunca tinha havido!
Nunca tinha havido um carnaval assim
A bailar na concha dos seus olhos
A sorver-lhe todos os sorrisos, todas as esperanças
Todas as noites
Depois da sua primeira -- da sua última noite de carnaval!
Hora Grande / No Reino de Caliban I
(edição de Manuel Ferreira)
segunda-feira, setembro 07, 2009
caderninho
domingo, setembro 06, 2009
again
Envaidecido e grato, GJ!
Parece que tenho de
1. Mencionar três compromissos para o futuro, a saber:
a) Organizar várias coisas que quero publicar;
b) Tratar-me ainda melhor que habitualmente;
c) Prestar mais atenção aos outros.
2. Indicar dez blogues viciantes.
Aqui vai uma lista de viciação, entre muitas possíveis.
sábado, setembro 05, 2009
sexta-feira, setembro 04, 2009
Caracteres móveis - Harold Bloom
O marxismo, mais famoso por ser um grito de dor que uma ciência, tem tido os seus poetas, mas o mesmo acontece com qualquer outra heresia religiosa maior.
O Cânone Ocidental
(tradução de Manuel Frias Martins)
quinta-feira, setembro 03, 2009
da campanha
O fim do subproduto jornalístico da TVI só aproveita à Oposição. Por isso, se os espanhóis da Prisa queriam fazer um jeito ao Governo, foram desajeitados.
Mas há outra possibilidade: eles quiseram acabar com aquilo porque aquilo era verdadeiramente mau. Podiam, ao menos, ter esperado um pouco mais. Agora lá vamos gramar com os gritos dos rangéis e outros insuportáveis...
quarta-feira, setembro 02, 2009
Antologia Improvável #396 - Tomás Vieira da Cruz
BAILUNDOS
Por esses longos caminhos
os desertos povoando
passam negras comitivas
de bailundos...
Descalços como Jesus,
e os seus corpos mal cobertos,
são negras sombras na sombra
que se eleva escuramente,
sem um carinho de luz.
A noite é um borrão de tinta preta!
Mas a triste comitiva
pisando bem o caminho,
-- estreito por ser tão longo
como a vida de quem sofre,
como a vida dessas gentes,
vai seguindo o seu destino
cantarolando nocturnos
de baladas inocentes.
E quando o Sol acordar
em seu berço oriental,
as comitivas andando
por carpetes de capim,
que eu não sei onde vão dar,
que eu não sei se têm fim,
vencendo altivamente, a luta forte
desta vida de ilusão,
procuram, inutilmente,
mais longe, sempre mais longe,
a Terra da Promissão.
...Ó mensageiros tristes da saudade
que trago dentro de mim:
Esse caminho é eterno
E a minha dor não tem fim!
Haveis de caminhar, sempre caminhar,
que nunca terá fim o vosso inferno!
-- Não existe humanidade,
e o mundo foi sempre assim!
Tatuagem / No Reino de Caliban II
(edição de Manuel Ferreira)
Por esses longos caminhos
os desertos povoando
passam negras comitivas
de bailundos...
Descalços como Jesus,
e os seus corpos mal cobertos,
são negras sombras na sombra
que se eleva escuramente,
sem um carinho de luz.
A noite é um borrão de tinta preta!
Mas a triste comitiva
pisando bem o caminho,
-- estreito por ser tão longo
como a vida de quem sofre,
como a vida dessas gentes,
vai seguindo o seu destino
cantarolando nocturnos
de baladas inocentes.
E quando o Sol acordar
em seu berço oriental,
as comitivas andando
por carpetes de capim,
que eu não sei onde vão dar,
que eu não sei se têm fim,
vencendo altivamente, a luta forte
desta vida de ilusão,
procuram, inutilmente,
mais longe, sempre mais longe,
a Terra da Promissão.
...Ó mensageiros tristes da saudade
que trago dentro de mim:
Esse caminho é eterno
E a minha dor não tem fim!
Haveis de caminhar, sempre caminhar,
que nunca terá fim o vosso inferno!
-- Não existe humanidade,
e o mundo foi sempre assim!
Tatuagem / No Reino de Caliban II
(edição de Manuel Ferreira)
terça-feira, setembro 01, 2009
caderninho
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