CANTO SOBRE A TARDE
Que importam os silêncios
desta tarde
ou o som rasgado
das paredes
os mastros -- as velas
da cidade
são simples castiçais
que não acendem
E o crepúsculo além
sobre a janela
a jarra mais curva
sem flores
E a raiva mais lenta
do que aquela
do aço -- do espasmo
do amor
Que importam
dos dias
sobre as tardes
ou as tardes castradas de rancor
um punhal aberto
como um vício
é tudo o que se espera duma dor
E mais fundo -- mole
é aderente
o respirar nocturno duma abelha
a madeira dum móvel
que desprende
os anos na casa em que se entranha
Jardim de Inverno / Poesia Completa 1
Ferreira de Castro n'A IDEIA
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O último número de *A Ideia -- Revista de Cultura Libertária* 104/105/106,
saído no final de 2024, sob a direcção (por imposição legal) e edição de
Antón...
Há 1 hora
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