terça-feira, outubro 01, 2024

2 versos de Alberto de Lacerda

«Tão poucas as lembranças que nos ficam / da beleza imortal que foi de outrora!»

«Véu», 77 Poemas (1955)

toda a escrita

«De logo quero avisar que não assumo qualquer responsabilidade pela precisão das datas, sempre fui ruim para as datas, elas me perseguem desde os tempos de colégio interno. Estudante de história, interessado nas figuras e nos feitos, esquecia as datas e eram as datas que os professores exigiam. A referência a ano e a local destina-se apenas a situar no tempo e no espaço o acontecido, a recordação.» Jorge Amado, Navegação de Cabotagem (1992)

«Os murmúrios da água, que pelos regatos vai, como um sangue robusto, espalhando juventudes na cultura, dizem às velhas árvores histórias duma suavíssima poesia; e pelos ramos tufados de verdura húmida, tenra, tamisada de cintilas solares, entra a repovoar-se a cidade dos ninhos, grande cidade moderna, com avenidas, concertos, five o'clock e toilettes de plumas, e exibições de caudas roçagantes. Ontem me dizia na Tapada um velho pintassilgo.» Fialho de Almeida, «Pelos campos», O País das Uvas (1893)

«Nessa manhã hostil toda a campesina está deserta. À beira da estrada, as duas filas de altas e esbeltas árvores, martirizadas pelo frio, parecem sentinelas que não se fatigam nunca, guardando e vigiando este pedaço de terra francesa... / O automóvel roda apressado, galgando covas, trepidando, queixando-se da aspereza do caminho.» Adelino Mendes, «A cidade d'Albert» (A Capital, 29-III-1917), Repórteres e Reportagens de Primeira Página (s.d.)