domingo, julho 18, 2021

a arte de começar

 «Embarquei-me enfim com a minha fazenda numa nau que ia com muitos cavalos e pimenta em que era capitão Dias de Almeida, de alcunha o Tigre, filho do conde de Alcântara, o qual carregava a ossada do pai para Goa, donde seguiria para Coimbra, dando cumprimento a uma ordem de El-Rei Dom Manuel. Levávamos connosco  o Vasco Pereira, pai de Diogo da Costa, alcaide-mor de Pinhel, aquele mesmo que logo no ano seguinte havia de falecer em Goa do coice dum cavalo. E, velejando desde as seis horas da manhã, com ventos bonanças, avistámos uma vela que nos pareceu uma galeota turca e seguimo-la marcados pela sua esteira para a abalroarmos, mas ao cair da noite pôs-se uma calmaria que não nos deixou navegar mais e decidiu então Dias de Almeida aguardar pela madrugada.»

Augusto Abelaira, O Bosque Harmonioso (1982)

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