Nas eleições mais participadas de sempre, maioria absoluta dos independentistas catalães, com os seus líderes no exílio e na prisão; pulverização do PP -- 3 deputados 3 --, com voto útil do espanholismo franquista no Ciudadanos, resultados medíocres de PS e Podem, com posições intermédias quanto à questão da soberania, e provavelmente divididos internamente.
A seguir: reacção de Madrid, Rajoy e Felipe VI, derrotados em toda a linha -- a tradição manda esperar o pior; movimentações de Puidgemont, o verdadeiro vencedor das eleições; e, em face das configurações do tabuleiro, a acção da UE, e, em particular de Portugal -- também aqui a tradição autoriza o pessimismo.
5 comentários:
Uma embrulhada, cujo elemento mais picante/preocupante é a prisão (ou iminência da mesma) dos líderes da maioria vencedora.
Mais fácil apostar numa corrida de cavalos do que no futuro próximo da Catalunha.
O que me deu mais gozo foi a derrota do cabeçudo Rajoy.
Vi um dia destes no "Arte" uma reportagem sobre a guerra de Espanha, tema do qual sabia pouco, embora o Mr. Vertigo saiba mais do que suficiente para me ir preenchendo as lacunas e explicando o que via. A sombra do ditador e a sua influência percebe-se ainda em Espanha nos dias de hoje, quando se ouvem as notícias de lá quanto a estas eleições!
Fernando, a reacção do Rajoy parece suficientemente lata para admitir uma revisão constitucional, única possibilidade de aguentar a Espanha como ela está. Mas é como diz, é mais fácil apostar numa corrida de cavalos.
Paula, sim, claro, ele deixou herdeiros, além duma repressão feroz ainda muito presente na memória das pessoas.
Bem, eu pensava que o voto no Ciudadanos (um Partido Liberal de Direita, com pontos de vista próximos dos do Partido de Puigdemont, exceto que os primeiros são monárquicos unionistas e os últimos são republicanos independentistas) era uma boa notícia porque o espanholismo franquista estava com o PP, que foi claramente derrotado, mas pelos vistos engano-me. Todos aqueles que se opõem à independência ou vão a caminho da irrelevância ou então são franquistas.
Custa-me a mim, que sou republicano, ter que defender o ponto de vista de monárquicos, mas chamemos os bois pelos nomes quando os bois merecem assim ser chamados e não simplesmente porque desejamos desqualificar os nossos adversários, que são simplesmente democratas de quem calhamos de discordar.
Até porque nos arriscamos a trivializar linguagem que deve ser usada para qualificar algozes, e apenas eles.
E já agora, convém lembrar que os independentistas voltaram a ter uma minoria de votos, apesar da maioria dos mandatos e os unionistas até ganharam 250.000 votos relativamente à últimas eleições. Não que isto sirva para nada além de fazer lembrar que a Catalunha está bem dividida.
A crise continuará dentro de momentos, parece-me óbvio. Sobre tudo o resto, estou como o cego, logo veremos...
Não, não há nenhuma trivialização da linguagem, porque precisamente o linguajar do poder em Madrid não é susceptível de outro qualificativo, se os ouviu com atenção ao longo dos últimos meses. Chamar-lhes 'democratas' será talvez um pouco excessivo.
Ouvi essa ontem ao Lobo Xavier (a proximidade ideológica a que se refere). O Pacheco Pereira, que é um tipo urbano, caracterizou o delírio como 'wishful thinking'.
Pois, está dividida. Pelos vistos, a maioria silenciosa só na cabeça dos franquistas.
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