O dia 25 de Março, data da assinatura do Tratado de Roma, deveria ser feriado em todos os países da União Europeia.
Nunca, na história do Ocidente (e digo 'Ocidente' para não ser eurocêntrico), houve uma tamanha aquisição institucional; e será preciso recuar à Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade, Fraternidade) para um avanço civilizacional de envergadura semelhante.
É isto que devemos ter em mente quando somos críticos, pelas boas razões, da União Europeia.
A circunstância de ela estar em recuo, em virtude da falta de orientação política por parte de dirigentes menoríssimos, que a coloca nas mãos do financismo predador internacional, não pode levar os progressistas, os liberais, os democratas -- todos os homens e mulheres de boa-vontade na Europa, em suma -- a perder de vista que a construção europeia é um triunfo do racionalismo ilustrado sobre o atavismo e o primarismo de toda a espécie.
Pelo contrário, a União Europeia precisa de quem lute por ela, precisa de avançar num sentido duma maior integração federal, ao contrário do arremedo actual: moeda única sem orçamento e legislação conformes; parlamento europeu gigante e sem grandes poderes, em vez de uma segunda câmara em que Malta esteja em paridade com a Alemanha, tal como nos Estados Unidos o Havai e a Califórnia estão igualmente representados no Senado).
Os danos causados à ideia europeia na última década foram tremendos; o aprofundamento federalista é hoje cada vez mais difícil, quando vemos que a maioria dos cidadãos de um país fundador como Itália -- a Itália, que é a âncora da civilização europeia, e sem a qual a Europa não existe --, está descontente.
A luta pela Europa é hoje o mais importante desígnio que se nos põe a todos. De um lado, a União Europeia; do outro, a xenofobia, o nacionalismo, a guerra.
2 comentários:
O meu caro está a ser demasiado otimista e sobretudo ambicioso sobre o que é neste momento possível (e necessário) fazer. É preciso retirar a Europa da crise económica em que (ainda) se encontra. Só assim as pessoas poderão abraçar de novo o projeto europeu. Os arranjos constitucionais têm que ficar para depois da resolução da atual crise de confiança.
Estou só a seguir a máxima do Romain Rolland, que muitos atribuem a Gramsci: optimista pela vontade, embora racionalmente pessimista.
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