Um disco histórico, uma daquelas obras que nos define como comunidade cultural. O resto é conversa fiada. Gravado no exílio em Paris, saído em 1971, na agonia do salazarismo sem Salazar, proibido no país (ah ah ah!, a pré-história...), aparece às escusas com olho camoniano. A emigração, a Guerra Colonial, a pobreza endémica, o marialvismo polltrão, a charlatanice social e política, o sebastianismo imobilista, a censura castradora e ofensiva, a repressão policial a um povo ignaro, o desafio final num verso do Trinca Fortes, por isso rajada de metralha naquela apagada e vil bisonhice -- oh, plano de ajustamento & metas do défice mais a puta que os pariu.
Difícil a escolha de uma música neste Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades? Para mim, em por isso. Tomar balanço em toada quase medieval para o Angola (e o resto) não é nossa, com a «Cantiga do Fogo e da Guerra». A letra, o poema -- pois les beaux esprits -- é de Sérgio Godinho.
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