Mario Quintana
quarta-feira, janeiro 29, 2014
segunda-feira, janeiro 27, 2014
Antologia Improvável -- Ana Hatherly
Meu coração e eu
vivemos juntos
mas não lado a lado
e nunca nos vemos
O sangue é um acordo vivo
que nos ata
Fibrilações
vivemos juntos
mas não lado a lado
e nunca nos vemos
O sangue é um acordo vivo
que nos ata
Fibrilações
quinta-feira, janeiro 23, 2014
do obsceno
E o curioso é que, num filme em que tanto se fode, em que em cada duas palavras proferidas pelos actores, três estão no grupo vocabular das caralhadas, e em que as mulheres, em geral, são carne (literalmente) para canhão, no mesmo patamar do Ferrari ou do Lamborghini -- o curioso é que a obscenidade não está aí, mas, naturalmente, na ganância que a personagem real interpretada por Di Caprio protagoniza, conseguindo ainda a proeza de não ser um tipo completamente repelente (este senhor até tem família, pai (Rob Reiner) que se preocupa, e mãezinha que chora quando o seu menino é caçado...).
Obscenidade, portanto, que seria simplista radicar num determinado elemento desprovido de carácter; o que Scorsese, grande mestre, mostra (e, apesar de tudo, O Lobo de Wall Street nem é um dos seus finest moments), o que se exibe em todo o horror de indigência ética é o sistema financeiro, como é consabido.
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2 ou 3 epígrafes
Arthur Rimbaud Oisive jeunesse / A tout asservie, / Par délicatesse / J'ai perdu ma vie. (em Desaparecido, de Carlos Queirós).
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José Régio
terça-feira, janeiro 21, 2014
domingo, janeiro 19, 2014
2 ou 3 epígrafes
1- Bob Dylan Lonely? Ah yes / But is the flowers and the mirrors / Of flowers that now meet my / Loneliness / Anda mine shall be a strong loneliness / Dissolvin' deep / To the depths of my freedom / And that, then, shall / remain my song. (em Auto dos Danados, de António Lobo Antunes).
2- Byron Não é na tempestade nem na luta / Que, inermes, ansiamos não mais ser, / Mas no silêncio após, na fímbria extrema, / Quando um sopro só nos resta de vida. (em O Trono e o Altar, de Maurice Baring).
3- Cervantes Heles dado el nombre de ejemplares, y si bien lo miras no hay ninguna de quien no se pueda sacar un ejemplo (em Contos Exemplares, de Sophia de Mello Breyner Andresen).
4- Gil Vicente E mais as boas pessoas / são todas pobres a eito; / e eu por este respeito / nunca trato em cousas boas, / porque não trazem proveito. / Toda a glória de viver / das gentes é ter dinheiro, / e quem muito quiser ter / cumpre-lhe de ser primeiro / o mais roim que puder. (em Autos dos Danados, de António Lobo Antunes).
5- Gustave Flaubert Quando se escreve a biografia de um amigo, deve-se fazê-lo como se nos estivéssemos a vingar por ele (em O Papagaio de Flaubert, de Julian Barnes).
6- Sá de Miranda Logo meus olhos ergui / à casa antiga e à Torre / e disse comigo assi: / 'Se Deus nos não val aqui, / perigoso imigo corre!' (em A Torre da Barbela, de Ruben A.).
sábado, janeiro 18, 2014
outro tiro no Aborto Ortográfico
Mais um grande texto contra o Aborto Ortográfico (e outro excelente escrito de Pacheco Pereira). A língua portuguesa na mão de políticos ignaros, sem coragem de voltar atrás e na ilusão serôdia dum imperialismo cultural, como se o português falado no Brasil, nos Palop, em Timor ou aqui no rectângulo, pudesse ser estancado por um tratado.
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José Pacheco Pereira
sexta-feira, janeiro 17, 2014
nestas matérias, hesito entre o estúpido e o cretino (Fernando Pessoa à parte, que era louco)
Adivinhação, n. Arte de meter o nariz no oculto. Há tantas espécies de adivinhação quanto variedades frutíferas de estúpidos-em-flor e de cretinos precoces.
Ambrose Bierce, Dicionário do Diabo
(trad:: Rui Lopes)
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Fernando Pessoa
quinta-feira, janeiro 16, 2014
Nas braçadas da vida / Seríamos crianças um do outro / Que é a melhor definição para a ternura
Armando Silva Carvalho
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Armando Silva Carvalho
quarta-feira, janeiro 15, 2014
bem escrito
«Fomos os campeões de tudo, porque o senhor nos ensinou a superar o impossível, fazendo das fraquezas forças. Por isso, onde todos viam um futebolista, queria eu ver também o guerrilheiro de dois povos em guerra, um já vencido sem que o soubesse e o outro um vencedor histórico desde o dia glorioso das suas armas. Sentados no chão do mato a ouvir o relato dos jogos e as vozes em fundo da multidão a aclamar um nome, soldados e guerrilheiros faziam uma trégua. A guerra parava.»
João de Melo, «O meu senhor Eusébio», Expresso / Revista #2150, 11.I.2014
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João de Melo
segunda-feira, janeiro 13, 2014
os porcos triunfantes são outros, agora
daqui: http://ait-sp.blogspot.pt/
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do anarquismo
Ariel Sharon e as traições da História
Foi por ter sido um falcão (e que falcão), que Ariel Sharon teve a autoridade e a força para, pragmaticamente, iniciar o desmantelamento dos colonatos. E fê-lo contra o próprio partido, fundando outro. Até onde iria e que consequências traria, não o saberemos. Mas como é uma ilusão pensar que Israel será viável oblterando o problema palestiniano, o avc que o afastou do poder é uma daquelas traições que a História comete, quando parece haver uma saída por estreita que seja. Foi assim também com o assassínio de Rabin, outro general-político: a situação bloqueia e deteriora-se, parecendo que Israel fica mais fraco política e moralmente.
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domingo, janeiro 12, 2014
sexta-feira, janeiro 10, 2014
quinta-feira, janeiro 09, 2014
quarta-feira, janeiro 08, 2014
bem escrito
Helder Macedo, «Papoilas sem trigais», JL #1128, 25.XII.2013
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Helder Macedo
bem escrito
«A corrupção, em Portugal, tem uma característica distintiva: é totalmente descarada e primária.»
Eugénio Lisboa, «Páginas Nocturnas (Excertos de um Diário)», JL #1128, 25.XII.2013.
bem escrito
«Em vez do cidadão, consciente dos seus deveres e direitos, multiplicou-se a figura do meteco, um ser humano presente fisicamente na cidade, mas ausente da sua alma interior, indiferente e alheio às grandes decisões que marcam o futuro de todos e de cada um.»
Viriato Soromenho Marques, «O paradoxo de Constant», JL #1128, 25.XII.2013
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Viriato Soromenho Marques
P&R -- José Medeiros Ferreira
Entretanto mufaram as 'regras do jogo'? De certa forma, sim. Mesmo o Tratado de Lisboa, que tanto festejámos em 2007, no fundo funciona para dar uma espécie de poder de directório. Portanto, foi por nossa própria mão que nos reduzimos à insignificância.
Entrevista a Carolina Freitas, JL #1128, 25.XII.2013.
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José Medeiros Ferreira
Soares, Eusébio e as prostiputas das agências de comunicação
É óbvio que Soares está fisicamente diminuído, e que a expressão nem sempre lhe sai bem, para ser benevolente. "Isto" que foram arranjar sobre a "cultura" do grande futebolista e o seu alegado gosto pelo uísque, de que Soares falou num contexto de grande simpatia pelo jogador, foi arrancado, baralhado e dado de novo por esses putéfias das agências comunicação que trabalham para o governo, e que o foram plantar na imprensa, onde existe uma percentagem de papagaios e imbecis acima do permitido pelas normas Comunitárias.
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terça-feira, janeiro 07, 2014
um negro no Panteão: a dignidade que lhe faltava
Se o Panteão pretende glorificar os maiores, a triste contigência amalgama a grandeza e a mediocridade; e assim, o que se pretendeu enaltecido acaba por trivializar-se. Ora Aquilino não merecia jazer ao lado de um tipo qualquer, cuja habilidade, astúcia ou outra qualidade prática guindou episodicamente a um mandato presidencial, mais ou menos (i)legítimo ou mais ou menos inócuo. Nem todos os chefes-de-estado tiveram as possibilidades e a ventura de D. Manuel I, cujo túmulo (ou jazigo) é, nem mais nem menos, que a igreja dos Jerónimos...
Também aqui prefiro a grandeza trágica da simplicidade e do isolamento, como o recato do féretro do Marquês de Pombal na Igreja da Memória ou a poética dissolução no nada que é tudo de Ferreira de Castro sob uma rocha numa vereda da Serra de Sintra.
Eusébio no Panteão, porque não? Lá repousa Amália, e também podia estar Carlos Paredes (se uma foi a voz de Portugal, o outro foi a música). Melhor: Eusébio negro da Mafalala está no panteão dum país de negreiros, que é talvez, e felizmente, o mais miscigenado da Europa: celtas e latinos, berberes e árabes, negros e judeus. Nesta perspectiva, que dignidade se dá ao Panteão Nacional e que lição nos oferece a História!
domingo, janeiro 05, 2014
evocação de Eusébio em Budapeste
Em Budapeste, no verão de 1987, fazia o meu segundo e último inter-rail, no metro da cidade falo com um húngaro, já sexagenário, com modos distintos. Pergunta-nos de onde vimos, de Portugal, respondo; Portugal?! Ah, Eusébio!... E dá-me o braço, e assim descemos as escadas rolantes do mais antigo metro no continente.
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obituário
sábado, janeiro 04, 2014
sexta-feira, janeiro 03, 2014
quinta-feira, janeiro 02, 2014
quarta-feira, janeiro 01, 2014
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