sábado, janeiro 19, 2008

Antologia Improvável #282 - João de Barros (6)

Àqueles que sabem
e querem amar o
Futuro:

Foge o Presente, foge às mãos sequiosas
De cingi-lo, apertá-lo ao coração,
E as horas correm, tão vertiginosas,
Que mal as vemos, no seu turbilhão...

Umas dão sonho, noutras nascem rosas.
Sonhos e rosas -- porque nascerão?...
-- Como a volúpia incerta que tu gozas
Deixam saudades só, meu coração!

E é sempre esta saudade, esta agonia
De não viver a vida fugidia,
De ver fugir desejo, amor, verdade...

-- Mas o Futuro vela... E, fielmente,
Colhe as horas mais belas do Presente
E delas tece a nossa Eternidade!


Anteu

6 comentários:

ana v. disse...

Belíssimo soneto que eu não conhecia, vizinho.

Ricardo António Alves disse...

Um poeta a redescobrir, vizinha.

ana v. disse...

Sem dúvida.
Bom domingo (sol temos, pelo menos)

Ricardo António Alves disse...

Obrigado, vizinha. Deu para ir ao Paredão...

Ana Paula Sena disse...

A redescobrir, sem dúvida... E como retrata tão bem o tempo que nos foge e se escoa a uma velocidade imparável e vertiginosa...! :)

Ricardo António Alves disse...

Este e muitos outros, desleixados pelos viúvos e órfãos do Pessoa & C.ª, como se não houvesse outra poesia.