No azulejo vasto há um monge
De perfil pétreo, desdenho eu,
Que relê obstinado o enigma
Audacioso de um Santo do século sexto.
Decifra na miniatura ali desenhada
E que suspensa numa nuvem nos parece.
O monge casto contempla a virtude e
O abismo que se descreve numa súmula
De copista puro.
No último restauro a limpidez
Foi ofuscada por empastados
E cresceu a plumagem da pena
Até então adelgaçada e mais fendida.
A sua mão está quebrada pela argamassa
Que a divide em quadrados de azul.
O monge que decifra nas trevas
O seu refúgio, redige no século sexto.
Descubro, espiando, que há um monge, satânico,
Que redige as trevas.
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Absorção da Luz / A Alegria do Mal
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