quarta-feira, março 26, 2014

O mundo odeia o que é claro e puro
Li Bai

terça-feira, março 25, 2014

a falta de noção de Rodrigues dos Santos

Gosto pouco de elaborar sobre inanidades, e por isso não vou perder muito tempo com a entrevista que ele fez a Sócrates, sabendo-se que estava ali para moderar um espaço de comentário.
Devo dizer, em abono de José Rodrigues dos Santos, que tenho (ou tinha) dele uma imagem de profissional sério, um bocado apalermado, é certo. Esta minha convicção baseava-se num episódio de ingerência, ao que parece torpe, num concurso para correspondentes da RTP no estrangeiro, em que ele, sendo então director de informação, se comportou à altura.
Como ainda não tive outras razões para duvidar da seriedade do homem, chego à conclusão de que ele é mesmo apatetado. Vendo bem, outra coisa não seria de esperar do mesmo indivíduo que pisca o olho aos espectadores, em jeito de despedida do Telejornal, ou que entrevista um escritor alemão em alemão, não sabendo alemão, decorando as perguntas...  

segunda-feira, março 24, 2014

Do ouro sobre azul das estrelas da UE ao Bleu Marine: um horizonte vermelho de sangue

Por baixo do ar modernaço de Marine Le Pen, com que quer tranquilizar a boa consciência burguesa, move-se a pestilência do racismo, em especial antissemita, o vírus do ultramontanismo católico, o pus da homofobia, a animalidade violenta da extrema-direita, conluio involuntário de simplismo e crime. Estou mesmo a ver aqueles militantes da Frente Nacional: um perfeito rassemblement de marginais desocupados e pequenos e grandes frustrados, inspirados por alguns intelectuais, nostálgicos da grandeur que só encontram nos livros de História e gostariam de poder recuperar.
Não se segue que a FN ganhe daqui a oito dias, o problema é que estão a implantar-se, com a involuntária cumplicidade do sistema francês, medíocre e corrupto e bloqueado. Daí começar a tornar-se aceitável à consciência da pequena-burguesia urbana, para ela empurrada por ausência de alternativa, pelo inferno em que degenerou o seu quotidiano.
Então, pouco faltará para começarem a errar pelas ruas das cidades da província francesa as milícias para-fascistas, os vigilantes. A pequena-burguesia temerosa que neles votará, irá servir de carne para canhão como costume; os muçulmanos franceses (são quantos milhões?...) e outras minorias em perigo não ficarão à espera que lhes tratem da saúde.
O horizonte francês é sangrento.

domingo, março 23, 2014

dos meus discos #1 SOMETHIN' ELSE, Cannonbal Adderley

Ficha
Músico: Cannonball Adderley
título: Somethin' Else
músicos: Cannonball Adderley, sax alto; Miles Davis, trompete; Hank Jones, piano; Sam Jones, contrabaixo; Art Blakey, bateria.
produtor: Alfred Lion
selo: Blue Note
ano: 1958
suporte: CD
faixas: «Autumn Leaves»; «Love For Sale»; «Somethin' Else»; «One For daddy-O»; «Dancing In The Dark». Bonus track: «Bangoon» 

«Autumn Leaves»  Quinteto superlativo, a forma como a secção rítmica inicia, com os sopros sotto voce -- diria eu, ou não, se soubesse alguma coisa de música --, agarram-me logo. Depois, o diálogo Miles / Julian, mantêm-me sempre numa expectativa interessada; ao mesmo tempo, o beat constante mas nunca monótono de Blakey e Jones (Sam). O final de Hank Jones, piano que não quer sair, empurrado suavemente pelos  sopros. Maravilhoso. Ouvir

«Love For Sale»  De Cole Porter (1930). Hank Jones sempre discreto, Art Blakey sincopado, mesmo com as vassouras, Miles Davis dá a frase, e o swing do contrabaixo de Sam Jones anuncia o formidável arranque de Julian C.A., que sola, ouvindo-se a ele e a Charlie Parker. Ouvir.

«Somethin' Else» O tema é de Miles, que sola primeiro; segue-se Julian Cannonball, depois em diálogo, sempre sustentados impecavelmente pela secção rítmica, Jones, Jones & Blakey. O solo de Hank é exquisite; e é dos diabos o speed de Art Blakey nos pratos, pelo minuto 3'58"... Ouvir.

«One For Daddy-O» A entrada inspiradíssima do piano de Hank Jones, trompete e sax alto a par até ao arranque a plenos pulmões de Julian Adderley; depois, Miles Davis, cheio de coolness; o balanço contínuo da secção rítmica. Terceiro solo, o piano a desenvolver o fraseado inicial. Imparáveis, novos solos de Julian, Miles e Hank, para terminar com os mesmos riffs com que os sopros abriram, Miles perguntando a Alfred Lion, o produtor: "Era isto que querias, Alfred?..." O tema é de Nat Adderley. Ouvir.




figuras de estilo: Marcello Duarte Mathias

«A nossa mulher, ou aquela com quem se vive, é o nosso outro bilhete de identidade, igualmente intransmissível.»

«Ao acaso das horas», JL #1134, 19.III.2014

bem escrito

«Os tempos de crise podem servir de desculpa para tudo, menos para quebrar as linhas de continuidade onde poderá assentar o reerguer da nossa comunidade nacional.»

Viriato Soromenho Marques, «O mar, a ciência e a (des)continuidade», JL #1134, 19.III.2014.

sexta-feira, março 21, 2014

Cai a máscara

ao Erdogan, e além do ditador em potência, vê-se o quê?... Um tosco a precisar de assessoria informática.
(Entretanto, já me tinha apercebido de dissensões na cúpula do partido no poder; a atitude de Gül, hoje, parece-me eloquente).

quarta-feira, março 19, 2014

estampa CLXXIII - Vincent van Gogh

A Igreja de Auvers (1890)
Museu d'Orsay. Paris

terça-feira, março 18, 2014

criador & criatura

Roy Crane (retratado por Michael Cho)
e Captain Easy (Capitão César)


segunda-feira, março 17, 2014

Oiçam lá o Gorbachev, e calem-se

Se há coisa que me parece, é que, no que respeita à Crimeia, a opinião pública não se está a deixar intoxicar pela fariseísmo do costume dos EUA e da Alemanha, acolitada tristemente pela maioria dos países da UE (Inglaterra à parte, porque a Inglaterra não se submete à pata alemã). E pouco importa que um dos seus heróis (e meu também),  Gorbachev, exprima o que qualquer russo de bom senso pensa.
Mas bom senso é coisa que não abunda pela UE, ao contrário da estupidez e da cobardia (como se tem visto no seu processo de autodestruição); e nunca abundou no Departamento de Estado dos americanos tranquilos, porque, patetas, pensam (?) que a Rússia é Portugal, que come e cala. Putin deve estar aterrorizado com a Merkel e o Hollande tout-le-monde.

quarta-feira, março 12, 2014

Linda mulher que meu olhar corteja / Com seu colar de pedras desleais
Afonso Duarte

entregar o ouro aos bandidos

É o que se chama a isto.  

terça-feira, março 11, 2014

segunda-feira, março 10, 2014

quinta-feira, março 06, 2014

a ouvir - Johnny Marr

The Upstarts

Na Crimeia, tudo vai acabar bem. Seguem-se as cenas dos próximos capítulos

 Conforme escrevi aqui, não me parecia provável que a Rússia se ficasse, diante das brincadeiras irresponsáveis da UE -- tal como a UE e os Estados Unidos não irão provocar uma guerra (!) por causa da Ucrânia.

A verdade é que a Rússia, ao integrar a Crimeia, toma posse daquilo que é historicamente seu. E vai fazê-lo de forma modelar, depois da decisão do parlamento legítimo da república autónoma ser reforçada com um referendo em que a vontade popular vai ser democraticamente expressa, e corrigir uma idiotice das autoridades soviéticas do tempo do Krushev, a contento -- tal como a Sérvia, diga-se, não pôde corrigir as sacanices do Tito, que criou o problema do Kosovo, entre vários e graves outros. (Pela mesma razão, já agora, sou completamnete favorável à manutenção das Falkland na soberania britânica, pois assim se manifestou o seu povo nas urnas, por muito que vociferem os generais e a politicalha argentina, com os seus complexos de colónia e as suas cortinas de fumo para enganarem os seus concidadãos).

Vejamos como evoluirá a situação no leste ucraniano, e se haverá bom senso por parte das potências e das supostas autoridades da Ucrânia. Nunca será de excluir o pior, mas não por causa da Crimeia, parece-me.

Notícia da resolução parlamentar da Crimeia, aqui: http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=721592&tm=7&layout=121&visual=49

quarta-feira, março 05, 2014

terça-feira, março 04, 2014

criadores & criatura

Pat Sullivan (nos cartoons) e Otto Messmer (nos comics) 
e o Gato Félix

do Século XIX às Invasões Bárbaras, passando por MST

Quando vejo o John Kerry dizer que a Rússia está a comportar-se como uma potência do séc. XIX (no que tem inteira razão, olha a novidade...), não devia esquecer-se que o país dele, já este século, a propósito da II Guerra do Iraque, teve uma actuação não do século XIX, mas do tempo das Invasões Bárbaras -- que foi isso que significou o saque e o morticínio de Bagdade.
Portanto, quando oiço estes gajos, rio-me porque não os posso mandar à merda.
Já os papagaios e as papagaias dos telejornais -- sufoco com tanta estupidez e analfabetismo. Até agora, e ouvi pouca gente, só o Sousa Tavares disse coisas acertadas.

segunda-feira, março 03, 2014

domingo, março 02, 2014

sábado, março 01, 2014