Uma noite calma, enluarada, talvez primaveril, talvez estival; semi-panorama da aldeia de Notre-Dame-des-Lacs, no Quebeque; apenas uma casa com luz, numa água-furtada. Vinheta a vinheta, vamo-nos aproximando, entrando na casa, franqueando a loja, com a salamandra ao centro, apagada -- enquanto o narrador, Félix Ducharme, nos fala da sua vida parada nessa casa-armazém que foi dos pais e agora é sua, e no único desvio que essa existência parece ter conhecido -- Marie Coutu, rapariga que trouxe doutra aldeia. Vamos subindo as escadas, vemos uma foto de casamento, até nos aproximarmos, na última vinheta da segunda prancha, duma porta entreaberta, que dá para um interior iluminado -- a luz que se via na água-furtada nessa noite, enluarada e calma.
Lido pela primeira vez nas páginas da
BoDoï, com gáudio (como assinalei
aqui).
Loisel & Tripp, Armazém Central (2006), pranchas 1-2.
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