Retrato da beleza nova e pura
Que com divina mão, divino engenho,
Amor retratou na alma, onde vos tenho
Das injúrias do tempo mais segura:
Não mostreis aspereza em tal brandura,
Por vos vingar de mim, vendo que venho
A tanta confiança que detenho
Os olhos em tamanha formosura!
O resplendor do Céu, sem dar mais pena
A quem olha seus olhos em direito,
A vista só por breve espaço assombra...
Mas a vossa luz mais clara, mais serena,
Juntamente me cega e abrasa o peito:
Vede o Sol que fará, de que sois sombra!
Poemas Portugueses para a Juventude
(edição de Eugénio de Andrade)
quarta-feira, agosto 31, 2011
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