sexta-feira, abril 29, 2011

V.M.G.

Sobre esta sigla figuram os verbetes de Vitorino Magalhães Godinho no Dicionário de História de Portugal, creio que as primeiras coisas suas que li. A obra que deixou é magna, desde logo pelo manuseamento e edição das fontes. Racionalista puro e duro, rasurava com impiedosa eficácia as fantasias esotérico-mitográficas que são pasto para alucinados ou impostores. É claro que o que ganhava em consistência perdia em poética, mas de bom grado deixava aos poetas a poesia. Era uma figura e era tramado. Depois de Joel Serrão, Vitorino Magalhães Godinho: talvez os dois pilares da historiografia portuguesa da segunda metade do século XX.

quarta-feira, abril 27, 2011

Antologia Improvável #470 - Edgardo Xavier

CEGOS

Não são só os que negam a verdade
da luz
do afecto
ou da limpa claridade dos teus olhos
Cegos
são todos os que olham rosas
e sentem pedras

Amor Despenteado

JornaL - O «Avante»! adverte

Há agentes provocadores e infiltrados que manipulam os manifestantes sírios! Que maçada: depois do Kadafi I,  o Al-Assad II... Estes imperialistas não aprendem!

JornaL - grandes cabrões

A direcção da France Telecom declarou-se transtornada depois de mais um suicídio de um dos seus quadros, cinquenta e tal anos, quatro filhos. Parece que o haviam deslocalizado várias vezes de local de trabalho, obrigando-o a vender a casa. A transtornada direcção, várias vezes solicitada a. nunca respondeu ao funcionário. Mais sociedade, oh sim.

JornaL - Ão

Um deputado do PS-Madeira -- leio no Público -- foi absolvido pela Relação, depois de ter chamado corruptor, aldrabão e calão ao Alberto João.

JornaL - foleiros

Uma das propostas brilhantes, saídas daquelas cabecinhas do "Mais Sociedade": reduzir a pensão de reforma a quer recorra ao subsídio de desemprego. São tão estúpidos...

JornaL - os pavões

Os gregos têm o coro na tragédia; nós tivemos a tragédia dos pavões, pontuando dramaticamente a entrevista de Sócrates.

terça-feira, abril 26, 2011

A silhueta translúcida do Futuro, morde-me, raivosa sem açaimo!
Nesso (Lyster Franco)

tag para o Nat King Cole

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uma tag para Count Basie

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quarta-feira, abril 20, 2011

da necessidade de lucidez

Um post da Ana Paula Sena Belo suscitou-me este alinhavo:
Tenho por adquirido que quanto mais instáveis são os tempos, mais necessário se torna fazer uso da razão. A Europa, na década fatídica 1929-1939, deixou-se toldar pela irracionalidade. Mas houve povos (e líderes políticos cheios de defeitos) que se mantiveram razoáveis e lúcidos: os povos do Norte da Europa. E líderes:  de Churchill -- o homem certo na hora certa -- ao rei Haakon VII, da Noruega (ocupada pelos alemães), que ostentava à lapela a estrela de David, solidário com os seus concidadãos judeus. É evidente que também houve líderes do outro lado detentores de grande frieza (Stálin) e frio e competente discernimento (Salazar). Mas para estes não havia cidadãos, mas uma massa que era necessário enquadrar e tutelar.

uma tag para os Jethro Tull

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uma tag para Chet Baker

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terça-feira, abril 19, 2011

O Vale do Riff - Procol Harum, «Whaling Stories»

Dumbo

cartaz original, 1941
Dumbo, de 1941, um filme que é um louvor à amizade e um dos mais conseguidos, de quantos foram produzidos por Disney. O experimentalismo de «Fantasia» continua, designadamente na sequência da embriaguez do elefantinho e do rato Timóteo; a cena dos corvos, cheia de swing, é outro momento alto. A banda sonora é, globalmente, esplêndida.
Lembro-me de tê-lo visto no velho Cinema São José, em Cascais (999 lugares...).
Uma curiosidade: produzido em plena II Guerra Mundial -- de que surgem uns ecos quando Dumbo faz de avião de caça metralhando as elefantas cruéis --, quando chega a hora do triunfo dos Aliados, publica-se uma revista  em que as personagens da casa agitam bandeiras dos países vencedores. Ao Dumbo coube a da União Soviética, pela qual Walt Disney nutria enorme entusiasmo, como se sabe... (Será coincidência, mas «Dumbo» foi um filme que não lhe mereceu grande simpatia).

um tag para Kate Bush

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uma tag para osGenesis

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uma tag para Gerry Rafferty

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uma tag para Satchmo

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segunda-feira, abril 18, 2011

capismo

capa de Carlos Carmo para Suykim -- Oiro Propício, de Marques Gastão
edição do Autor, Lisboa, 1961

uma tag para Buddy Guy & não só

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2 tags para Clapton & Knopfler

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uma tag para os Beatles

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A UE gostaria de nos ver pelas costas, mas para desgraça dos finlandeses e outros alemães, a Europa sem nós não existe. Por muitas malfeitorias que nos façam, vão ter que nos gramar e pagar jantaradas a Passos Coelho e ao Alberto João. Eles, coitados, que se fartam de bulir naqueles climas de merda, pensam que estes dotes de saber receber, servir à mesa em inguelês fluente e comer-lhes as mulheres caiu do céu. Não!, são gerações e gerações de malandrice, de mandriice, de manha. Como dizia o Unamuno, eles que trabalhem, que nós, ibéricos, temos mais com que nos ocupar.

sábado, abril 16, 2011

Antologia Improvável #469 - Eduardo Sterzi

OUTRO TIGRE

Tigre, diamante vertebrado,
nenhuma jaula poderá 
reter, inflexível, a fria
fúria do teu olhar.

Nosso inútil terror de humanos
extraírá, do mundo em que vives,
a força líquida (flutíssona) de
músculos invisíveis.

Tigre, metáfora do tempo,
demônio cego da distância:
que ser, ferido de beleza,
te admira em segurança?

Na Viragem do Século - poesia de Invenção no Brasil
(edição de Frederico Barbosa e Claudio Daniel)

sexta-feira, abril 15, 2011

outros tons- Waldemar Bastos, «Velha Chica»

uma tag para os Dr. Feelgood

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uma tag para Cannonball

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uma tag para Tatum

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Fantasia

cartaz original, 1940
Prossigo com as longas-metragens produzidas por Walt Disney. 
Com «Fantasia», os estúdios atingiram os píncaros da animação, provavelmente porque não se trata propriamente um filme para crianças, mas antes um produto com uma boa dose de vanguardismo técnico e conceptual.  Do fragmento inicial, «Tocata e fuga» de Bach, prestando-se à coloração das grandes massas sonoras trazidas por Stokowski, ao segmento final, representando a oposição entre as trevas e a luz, a «Noite no Monte Calvo», de Mussorgski, e o «Ave Maria», de Schubert. Pelo meio, algumas coisas a reter, desde logo a aprição do próprio Mickey no «Aprendiz de Feiticeiro», de Paul Dukas. Disney continuava a ousar. E, em Portugal, por ocasião da sua estreia, pouco depois, Roberto Nobre e Fernando Lopes-Graça assinavam uma maravilhada crítica conjunta nas páginas da Seara Nova...

terça-feira, abril 12, 2011

a "cidadania"

O que seria engraçado, se não fosse trágico, é que os ingénuos da cidadania que andaram a aclamar a pureza do candidato Nobre, na verdade serviram de idiotas úteis, quer à estratégia do ressentimento anti-Alegre, quer, objectivamente, à rápida reeleição de Cavaco. Depois dos delírios das presidenciais embasbacam-se agora com as últimas novidades. Se o PSD ganhar as eleições, prevejo comédia na Assembleia da República.

Pinóquio

cartaz original, 1940
um salto em frente na técnica de animação, relativamente a «Branca de Neve»
o filme é verdadeiramente assustador para as crianças (a minha filha teve medo)
«When You Wish Upon A Star», cantada pelo Grilo Falante, tornou-se um standard (eu tenho duas versões: uma pelo Louis Armstrong, a outra do Jimmy Scott)

domingo, abril 10, 2011

sábado, abril 09, 2011

Ferro Rodrigues

Com Ferro Rodrigues como cabeça de lista por Lisboa, o meu voto no PS está praticamente garantido. E ainda nem consegui ouvir o discurso do Manuel Alegre...

O Vale do Riff - Pink Floyd, «Jugband Blues»

sabichão

Ena pá, ganda discurso do Sócrates! Se não me ponho a pau, ainda voto nele outra vez...

sexta-feira, abril 08, 2011

quinta-feira, abril 07, 2011

O Vale do Riff - Small Faces, «My Way Of Giving»

Antologia Improvável #468 - Nuno Rocha Morais

Invadiu-me um sensação de calma,
de tristeza e de fim.
VIRGINIA WOOLF

Ao teu lado, mudo.
Suponho que pousei a mão
No teu ombro, não sei,
Ausentes ambos,
Tu do ombro, eu da mão.
Lá fora, não muito longe
Do vidro, a manhã passa
E é calma, tristeza, fim.

Últimos Poemas / Resumo - A Poesia em 2009
(escolha de José Tolentino Mendonça)
imagem daqui.

terça-feira, abril 05, 2011

sabe-se que isto não será sempre assim / felizmente que não será sempre assim / felizmente que isto não será sempre assim

Antero Abreu

O Vale do Riff - Nazareth, «Teenage Nervous Breakdown»

segunda-feira, abril 04, 2011

quem começa assim...

Relido Os Cus de Judas 28 anos depois (!) da primeira vez.  Esta, por exemplo: «A mulher dos amendoins, a que faltava o cotovelo esquerdo, montava a sua indústria de alcofas nos baixos da nossa varanda, e narrava à minha avó, em discursos verticais, de baixo para cima, as bebedeiras do marido, através de cuja violência explodiam capítulos de Máximo Gorki da Editorial Minerva.»* Quem se estreava a escrever desta maneira teria, forçosamente, de marcar a paisagem literária nas décadas seguintes.

António Lobo Antunes, Os Cus de Judas, 9.ª edição, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1993, p. 13.

sábado, abril 02, 2011

Antologia Improvável #467 - Fernão da Silveira

DO COUDEL MOOR A HUA MOÇA Q LHE PEDYO HUS ÇOCOS & Q FOSSE BOM PAR DE LAUOR.

     Por ferdes milhor seruida,
poys a perna tendes groffa,
mãdayme vos a medyda,
eu farey todo o que poffa.

     E logo começareys
a medyr polo artelho,
& defy polo joelho,
& na coxa acabareys.
E tambem quantee cõprida,
& o pee quanto ter poffa
me amoftres a medyda
da perna galante voffa.

in Cancioneiro Geral
(Garcia de Resende)