terça-feira, julho 31, 2007
segunda-feira, julho 30, 2007
domingo, julho 29, 2007
Tug of War
sábado, julho 28, 2007
o fim
Antologia Improvável #244 - António Botto (4)
Se alguém
Cai num choro e se debruça
Na mágoa que as próprias lágrimas dão,
Devemos falar, apenas,
Com palavras de ternura
Que envolvam
Esse triste coração.
Se é crueldade mostrar-se
Que nos fugiu a coragem para a luta
E que não somos mais
Do que um farrapo vencido,
Sem luz, sem fé, sem valor,
-- Cruel é quem ao aflito repreende
O amargo sentir da sua dor.
Baionetas da Morte
sexta-feira, julho 27, 2007
quinta-feira, julho 26, 2007
quarta-feira, julho 25, 2007
Caracteres móveis - Kropótkin
A Conquista do Pão
(tradução de Manuel Ribeiro)
terça-feira, julho 24, 2007
Não sei o que vai fazer o Tony Blair à Palestina, se a ideia for marginalizar o Hamas. O problema é que o Hamas já não é facilmente marginalizável, ainda para mais com um Abu Mazen irrelevante - disse-o a ministra Tzipi Livni --, nas mãos dos israelitas para sobreviver. Há a incógnita Marwan Barghutti, na cadeia; mas neste momento a Fatah parece uma "organização" tomada de assalto pelos bandidos; e os homens do primeiro-ministro (?) Ismail Hanie os verdadeiros patriotas.
Os EUA (e a UE) atrás não deram uma oportunidade ao Hamas, quando havia sinais de que este farias cedências relevantes, como o reconhecimento de Israel, com o regresso às fronteiras de 1967. Lidaram com a organização como se fosse monolítica ou uma espécie de filial da Al-Qaida na Palestina. Para já, as declarações de Condoleezza Rice em Lisboa foram uma desgraça pelo irrealismo e pela estupidez -- não dela, é claro, que se sujeita a fazer figuras tristes semelhantes às de Colin Powell na ONU. Veremos o que se segue.
segunda-feira, julho 23, 2007
Antologia Improvável #243 - Armindo Rodrigues
A menina feia
Senta-se à janela,
Mas quem vai na rua
Nem repara nela.
À noite no quarto
Despe-se a menina
Para se deitar.
Tem os seios duros
E a barriga lisa.
Mal tira a camisa
Logo o quarto fica
Cheio de luar.
E a menina feia,
Mas de corpo lindo,
Sonha que está nua
Sentada à janela,
E no meio da rua,
Com os olhos luzindo,
Os homens se matam
Por um riso dela.
Romanceiro / Líricas Portuguesas. 2ª. Série
(edição de Cabral do Nascimento)
domingo, julho 22, 2007
sábado, julho 21, 2007
A propósito do caso «Tintin no Congo»
A Comissão Inglesa para a Igualdade Racial recomendou o boicote à comercialização do Tintin no Congo, por conteúdo racista (link). Muitos se indignaram com mais este ditame do politicamente correcto, entre os quais alguns amigos e cofrades bloggers (que não linko porque dá trabalho, e este blogue é preguiçoso). Compreendo a indignação de vários tintinófilos, espécie de que faço parte, mas não sou insensível ao mal-estar que pode resultar da leitura deste álbum.
sexta-feira, julho 20, 2007
quinta-feira, julho 19, 2007
Antologia Improvável #242 - Fausto José
Desconheço a matéria de que és feita,
Que mão febril teu corpo modelou;
Minha alma, ao pressentir-te, insatisfeita,
Como as ondas do mar se alevantou!
Oh! feminil visão clara e perfeita
Que o meu olhar profano dissipou,
Névoa que a luz do alvorecer enfeita
E o hálito da aragem dispersou!...
Na terra, em sonhos ando a procurar-te,
Na terra, pelo céu, e em toda a parte
Para beijar o rasto de teus pés...
Mas quanto mais minha alma te procura,
Mais teu vulto se perde na fundura...
E por ti morro sem saber que és!
Fonte Branca / Líricas Portuguesas. 2.ª Série
(edição de Cabral do Nascimento)
quarta-feira, julho 18, 2007
Caracteres móveis - Oscar Wilde
segunda-feira, julho 16, 2007
domingo, julho 15, 2007
Antologia Improvável #241 - Luís Adriano Carlos
Um queixume febril enrola-se-me no corpo
como tiros de um vento alucinado, são 25
horas da tarde em cada nitrato de poema,
queixume subterrâneo de fictícios braços.
Projecta-se o recorte laminar nos porões barrocos
da tua mão que escreve com monstruosos lápis
de falésias sobre o mar na velha fotografia.
Jantaremos velas românticas a meio do restaurante.
Sonharemos galeras de sal e sangue no tempero da refeição.
Inventaremos um vendaval secreto por debaixo da mesa.
Pelas veias as velas e as selvas rasgam profundos vales:
adorei passear com as tuas janelas verdes, e lanço
beijos trovadorescos para os teus seios marítimos
até ao coração. O poema é por momentos
o nosso cardiograma.
Adeus, prometo escrever-te com regularidade
antes do regresso heróico das galés portuguesas
às praias desertas da tua excitação sexual.
Levo colunas de sonhos vermelhos, aluviões
de sangue que nos dedos apenas tremem como lagos,
holofotes de Molière sobre o meu dia adiado
enquanto o sangue escorre das areias para o pulmão.
Adeus, deixo-te a minha partida por fim todas as manhãs
à hora do noticiário, good-bye, my sweet friend,
I'll write you again sentado nos rochedos
de um epitáfio celeste. Adeus.
A Mecânica do Sexxo XXI
sábado, julho 14, 2007
One From The Heart
sexta-feira, julho 13, 2007
Caracteres móveis - Octavio Paz
quinta-feira, julho 12, 2007
Antologia Improvável #240 - Olegário Mariano
As formigas levavam-na... Chovia...
Era o fim... Triste outono fumarento!
Perto, uma fonte, um suave movimento,
cantigas de água trêmula carpia.
Quando eu a conheci, ela trazia
na voz um triste e doloroso acento.
Era a cigarra de maior talento,
mais cantadeira desta freguesia.
Passa o cortejo entre árvores amigas...
Que tristeza nas folhas... Que tristeza!
Que alegria nos olhos das formigas!...
Pobre cigarra! Quando te levavam,
enquanto te chorava a natureza,
tuas irmãs e tua mãe cantavam...
Últimas Cigarras
retrato de Olegário por Portinari
quarta-feira, julho 11, 2007
terça-feira, julho 10, 2007
Figuras de estilo - Maria Archer
Ida e Volta duma Caixa de Cigarros
Antologia Improvável #239 - António Botto (3)
Arrancam-me as penas
E eu sofro sem dizer nada:
-- Sou ave
Bem educada.
E, se quisesse,
Podia
Morder-lhes as mãos morenas
A esses
Que sem piedade
Me roubaram estas penas que me cobrem.
E, no entanto,
Sem o mais breve gemido,
O meu corpo
Vai ficando
Desguarnecido.
E elas,
Aquelas
Que se enfeitam, doidamente,
Com estas penas formosas
-- Que são minhas! --
Passam por mim, desdenhosas,
Em gargalhadas mesquinhas.
Sim, eu sofro sem dizer nada:
-- Sou ave
Bem educada
Motivos de Beleza / Líricas Portuguesas. 2.ª Série
(edição de Cabral do Nascimento)
segunda-feira, julho 09, 2007
os últimos 5 livros
Estou a terminar uma das primeiras obras da prolífica Maria Archer, Ida e Volta duma Caixa de Cigarros, Lisboa, Editorial O Século, 1938. Maria Archer é uma das nossas grandes autoras da primeira metade do século XX. Estilo apurado, fluente, seguro, servindo uma fortíssima personalidade de escritora e de mulher. Uma figura interessantíssima e uma obra romanesca a resgatar.
domingo, julho 08, 2007
sábado, julho 07, 2007
sexta-feira, julho 06, 2007
quinta-feira, julho 05, 2007
A entrevista de Zita Seabra
Caracteres móveis - Geneviève de Gaulle Anthonioz
A Travessia da Noite
(tradução de Artur Lopes Cardoso)
quarta-feira, julho 04, 2007
Antologia Improvável #238 - José Régio
Quando eu agonizar, Senhor,
Vencido sob a cruz que me impuseste,
Não permitas que seja de amargor
O derradeiro instante que me reste.
Tenta-me, até ao fim com toda a provação!
Só essa, Pai! só essa não.
Para tanto, bastara que deixaras
Que a criança mais nova da família,
Por um acaso extraordinário,
Desses que tu preparas,
Velasse inconsciente a minha última vigília
No frio quarto solitário.
Já cego, eu poderia, então, inda sonhar
A minha última lágrima aquecida
Por seu sorriso, seu olhar...
Isso me bastaria, Pai! para acabar
Sem maldizer a vida.
In Líricas Portuguesas. 2.ª Série
(edição de Cabral do Nascimento)