segunda-feira, março 30, 2020
alguns elogios
Já pela segunda vez... Sobre aspectos técnicos não me pronuncio; a condução política de António Costa parece-me muito boa. Aliás, as lideranças políticas têm correspondido, e ninguém compreenderia o contrário.
Em relação ao ministro holandês, fez bem em não deixar passar e fê-lo nos termos apropriados, porventura pouco diplomáticos, mas os necessários. A melhor ainda foi a do então presidente grego, por altura do resgate, que perante estas condescendências e considerações calvinistas veio lembrar que A Grécia era uma civilização ainda os holandeses andavam a abrigar-se em cavernas. Foi bonito de se ouvir.
Mas, até hoje, do que mais gostei em Costa, foi quando, na entrevista à tvi, a propósito do navio de cruzeiro aportado em Lisboa, ter lembrado haver não só alguns milhares de portugueses no estrangeiro com dificuldade para regressar, notando que nestes casos não é cada um por si e salve-se quem puder.
Em relação ao ministro holandês, fez bem em não deixar passar e fê-lo nos termos apropriados, porventura pouco diplomáticos, mas os necessários. A melhor ainda foi a do então presidente grego, por altura do resgate, que perante estas condescendências e considerações calvinistas veio lembrar que A Grécia era uma civilização ainda os holandeses andavam a abrigar-se em cavernas. Foi bonito de se ouvir.
Mas, até hoje, do que mais gostei em Costa, foi quando, na entrevista à tvi, a propósito do navio de cruzeiro aportado em Lisboa, ter lembrado haver não só alguns milhares de portugueses no estrangeiro com dificuldade para regressar, notando que nestes casos não é cada um por si e salve-se quem puder.
domingo, março 29, 2020
sábado, março 28, 2020
quinta-feira, março 26, 2020
terça-feira, março 24, 2020
segunda-feira, março 23, 2020
na estante definitiva
A acção decorre provavelmente no tempo presente da narrativa, na Fazenda Fraternidade, município de Ilhéus, estado da Baía.
A insistência na palavra "homens", a dar substrato ao desejo, em dúvida manifestada pelo autor: «Será um romance proletário?» Já não heróis individuais e povo como motivo pitoresco, mas homens, neste caso trabalhadores da fazenda de cacau: Colodino, Antônio Barriguinha, Honório... mais à frente João Grilo. "Fraternidade" o irónico nome da fazenda, tal como o seringal em A Selva , de Ferreira de Castro -- que Jorge Amado lera --, tinha por crisma "Paraíso", como um dichote.
O antagonismo de classes é-nos dado pelas variações sobre o nome do patrão, Manoel Misael de Souza Telles, o "Mané Frajelo" (flagelo), "Mané Miserave Saqueia Tudo", "Merda Mexida Sem Tempero"; pelo confronto entre a casa opulenta do coronel, onde viviam mulher, filha e filho estudante no Rio, «elegante e estúpido», que destratava os trabalhadores; e as choças de barro cobertas de palha -- «Deus também é pelos ricos...», observa um; e pela extorsão que Mané Frajelo exerce contra os homens que trabalham para si, com a cumplicidade do despenseiro João Vermelho. E depois as contas, três mil e quinhentos (réis?) por dia era a paga a cada um, retirada dos mil contos anuais que Frajelo ganhava com o trabalho destes homens.
E uma personagem sobre a qual cai um mistério, Honório, «Preto, forte, alto, brigão», que o patrão não despedia, apesar da grande dívida contraída no armazém.«Bebia cachaça pelo gargalo da garrafa e jamais foi visto embriagado. Mané Frajelo respeitava-o.»
Jorge Amado, Cacau (1933), ibidem, capítulo I, «Fazenda Fraternidade», pp. 19-23.
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domingo, março 22, 2020
sábado, março 21, 2020
terça-feira, março 17, 2020
domingo, março 15, 2020
sexta-feira, março 13, 2020
quinta-feira, março 12, 2020
o Covid 19 da desorientação política
Não se ataca o mal pela raiz por puro medo. A desorientação é total: em Coruche uma escola com um aluno infectado aguarda ordens para encerrar… Em Lisboa, dois navios de cruzeiro despejam centenas de turistas sem qualquer controlo. Mas temos de ouvir apelos à responsabilidade social assistir aos puxões se orelhas aos miúdos que, sem aulas, foram para a praia de Carcavelos num dia estival... É extraordinário
em tempo: gostei do tom da comunicação ao país de António Costa, do sentido de comunidade que por ela perpassou.
em tempo: gostei do tom da comunicação ao país de António Costa, do sentido de comunidade que por ela perpassou.
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terça-feira, março 10, 2020
domingo, março 08, 2020
sábado, março 07, 2020
quinta-feira, março 05, 2020
assim um grande elogio a Sócrates e aos autarcas do PCP
Um grande elogio a Sócrates, pois é do seu tempo a lei que dá aos municípios a faculdade legal de vetar asneiras decididas por outros que se estão nas tintas para as populações. Por outro lado, elogio aos autarcas do PCP, que não estão a traí-las. A sua obrigação, enfim. Até porque eu não acredito que o povo da margem sul do Tejo ficasse impávido, tal como não ficou o das aldeias do lítio.
Não faço ideia se Alcochete serve, logo se verá; se alguém me explicar por que razão Beja não, ficaria bastante agradecido.
A não ser que o PSD dê alguma cambalhota, o aeroborto do Montijo está morto, e o ministro devia demitir-se, depois das declarações intoleráveis que proferiu. Sem nenhuma paciência para estes tipos que acham que são donos do país: não são, e se se esquecerem disso devem ser democraticamente postos na ordem, o que sem maioria absoluta, graças a deus, não é difícil; mas com maioria também se faz, é uma questão de convicções e tomates.
A não ser que o PSD dê alguma cambalhota, o aeroborto do Montijo está morto, e o ministro devia demitir-se, depois das declarações intoleráveis que proferiu. Sem nenhuma paciência para estes tipos que acham que são donos do país: não são, e se se esquecerem disso devem ser democraticamente postos na ordem, o que sem maioria absoluta, graças a deus, não é difícil; mas com maioria também se faz, é uma questão de convicções e tomates.
quarta-feira, março 04, 2020
segunda-feira, março 02, 2020
Polanski, grande Polanski
O «Caso Dreyfus» mexeu com a opinião pública francesa e ocidental na última década do século XIX. Do lado do oficial do exército francês, vítima da maquinação de um canalha, da pestilência anti-semita e do espírito de corpo sem alma ou um patriotismo enviesado, estiveram as pessoas de bem (um conceito que faz rir), ultrajadas com a perfídia; do outro lado do escândalo, os racistas e a extrema-direita católica ultramontana, refocilavam gozosos e nada interessados pela sorte de um inocente que fora desonrado e condenado: era um judeu, não se perderia grande coisa, mesmo se injustiçado. Com ele e a sua família, que nunca desistiu de o salvar e ilibar, em sua defesa, as pessoas decentes, como foi o caso de Eça de Queirós e, obviamente do grande Zola, que com a carta ao presidente da República desmascara toda a ignominiosa fraude.
O J'Accuse…!, de Zola seria sempre algo que enobreceria o seu autor. O romancista de Germinal era rico e respeitadíssimo -- uma força da natureza. Ao comprar uma guerra com a tropa, o governo, a Igreja e a opinião pública fanatizada, tirou-se de cuidados e obedeceu ao ímpeto ético de homem livre. Esta carga de obus disparada para o centro da conspiração foi decisiva para acabar com uma degradante injustiça, como todos os dissabores que causou ao escritor, a morte inclusive (segundo alguns autores, Zola, encontrado com a mulher morto no quarto, intoxicados durante a noite, foi assassinado em consequência do Caso Dreyfus, já que as saídas de fumo da chaminé estavam tapadas).
Já agora, existe uma edição na Guimarães, com um bom estudo prévio de Jaime Brasil, também seu biógrafo, com várias edições.
O filme teve para mim o mérito de lembrar o coronel Georges Picquart, numa memorável interpretação de Jean Dujardin, um desses homens íntegros para quem o bem e o mal não existe conforme as conveniências. Sem ele, e o seu sacrifício, não teria havido o panfleto de Zola.
Polanski, grande Polanski, um dos meus realizadores, que como Woody Allen e Martin Scorsese, não sabe fazer filmes maus. É um prazer ver-lhe a câmara apaixonada pela mulher, Emmanuelle Seigner.
Produção apoiada financeiramente por judeus, não há nada de reprovável em tal. O que me repugna é que se utilize o drama dos judeus na Europa para que se iniba de condenar a política criminosa do estado de Israel em relação aos palestinos, veja-se o que aconteceu com o cartoon de António…
Uma palavra paras as peruas do #metoo à francesa, ou lá o que é: ver aquelas insignificâncias a ladralhar quando o 'César' foi atribuído ao filme é absolutamente degradante -- aliás o Polanski nem sequer apareceu para não ser linchado, por elas e pela voragem merdiática. Isto tem tudo e não tem nada a ver com o filme; é um sinal dos tempos.
Já agora, existe uma edição na Guimarães, com um bom estudo prévio de Jaime Brasil, também seu biógrafo, com várias edições.
O filme teve para mim o mérito de lembrar o coronel Georges Picquart, numa memorável interpretação de Jean Dujardin, um desses homens íntegros para quem o bem e o mal não existe conforme as conveniências. Sem ele, e o seu sacrifício, não teria havido o panfleto de Zola.
Polanski, grande Polanski, um dos meus realizadores, que como Woody Allen e Martin Scorsese, não sabe fazer filmes maus. É um prazer ver-lhe a câmara apaixonada pela mulher, Emmanuelle Seigner.
Produção apoiada financeiramente por judeus, não há nada de reprovável em tal. O que me repugna é que se utilize o drama dos judeus na Europa para que se iniba de condenar a política criminosa do estado de Israel em relação aos palestinos, veja-se o que aconteceu com o cartoon de António…
Uma palavra paras as peruas do #metoo à francesa, ou lá o que é: ver aquelas insignificâncias a ladralhar quando o 'César' foi atribuído ao filme é absolutamente degradante -- aliás o Polanski nem sequer apareceu para não ser linchado, por elas e pela voragem merdiática. Isto tem tudo e não tem nada a ver com o filme; é um sinal dos tempos.
domingo, março 01, 2020
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