Fui um entusiasta do Euro, tal como me considero um europeísta. Sendo economicamente iletrado, e considerando sempre o primado da política, achei, ingenuamente, que com a moeda única entraríamos numa nova fase da integração europeia, cada vez mais confederal.
A realidade, porém, está a pôr em causa toda essa visão, mais ou menos idílica que perfilhei -- como, de resto, a própria ideia de União Europeia, que nunca esteve tão em crise como hoje se verifica, com todos os perigos e retrocessos inerentes.
O enunciar da questão política, em face do Euro, é
simples, na sua complexidade extrema... Como diz
Stiglitz, e como o disseram João Ferreira do Amaral e outros, desde o início, Portugal não tem economia para sobreviver num contexto de
Europa alemã. Ora esta existe e exerce-se porque a Alemanha e satélites impõem
esta política económica, independentemente -- tem-no demonstrado -- dos cataclismos políticos que origina por essa Europa fora.
Se a nossa economia está "condenada" dentro do Euro, e se a potência económica hegemónica na UE não quer cuidar do que na UE se está a desmoronar, ficar no Euro, para quê?... Para estagnarmos economicamente, sem instrumentos essenciais para inflectir o caminho de degradação? E em nome de quê? Da política europeia que é, na verdade, uma política alemã ciosa dos seus bons resultados? A não ser que queiramos ser uma população exportadora de cérebros, formados, aqui; subsidiados mais ou menos vegetantes; empregados de mesa, servindo, com profissionalismo, os reformados da Europa do norte.
P.S. - Não quero dizer que a União Europeia não seja algo por que valha a pena lutar -- e muito. Mas, infelizmente, os seus dirigentes já deram mais do que prova de ausência de reacção (ou reacção desrazoável e/ou timorata), que, oxalá me engane, será fatal: Grécia, refugiados de guerra, derivas xenófobas e racistas em países da Europa Central.
Quem poderá ainda acreditar nisto?...