Portugal perdeu hoje um dos seus maiores. Como poeta, foi um dos mais significativos do seu tempo, cujo estro era suficientemente intenso para impedir que a cultura vasta e sólida afogasse a poética em eruditismo estéril. Será sempre um autor a ter em conta em qualquer antologia do tempo que lhe coube. Enquanto crítico e ensaísta, ombreia com os grandes, sendo também um respeitadíssimo camonista. Acresce uma contínua actividade de tradutor, aclamado pelas versões que realizou de Shakespeare e Dante, entre muitas outras.
Do maior relevo, dentre as muitas funções públicas que desempenhou, foram a direcção editorial exemplar da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, e o brilho com que presidiu à Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. Num e noutro lugar, o seu desempenho foi reconhecido e louvado por todos os quadrantes politico-ideológicos, e a acção que aí realizou deixou frutos, prolongando-se pelo tempo futuro. E foi, como se sabe, o mais combativo adversário do famigerado Acordo Ortográfico, contra o qual se bateu inteligente e denodadamente, sem que o tolhesse a pesada e desesperante inércia duma sociedade que passava tranquilamente ao largo das preocupações e dos interesses duma vida: a literatura e a história de Portugal.