quarta-feira, outubro 30, 2013

Majora

O que eu gozei com os jogos de tabuleiro da Majora!; e como continuei e continuo a gozá-los com os meus filhos...: «Corrida de Automóveis» e «O Tesouro dos Corsários» foram os que sobreviveram desse tempo. Os livros de pano, perdi-os todos (nem parece meu...) Comprei para a minha filha mais velha um sucedâneo, em vez do pano, papel plastificado e lavável, mas não é a mesma coisa... O Correio da Manhã vai oferecer alguns, nos próximos fins-de-semana. A marca está suspensa, à espera de melhores dias, ou novas armas para enfrentar o digital. Bolas.


terça-feira, outubro 29, 2013

segunda-feira, outubro 28, 2013

Europa: já estivemos mais perto, e mais longe também

Em entrevista ao Expresso, o lucidíssimo Claudio Magris declarou ansiar por uma Europa verdadeiramente federal, como um estado, necessariamente descentralizado: para ele, "a Itália e Portugal [deveriam ser encaradas como hoje o são] a Lombardia e o Alentejo", sonha ele, e eu também, porque sabe que o nacionalismo é a guerra, como diria o Mitterand.
À vista de todos, esse sonho desfaz-se pela prevalência dos egoísmos nacionais e pelo laxismo e mediocridade das lideranças.
Estou pessimista quanto ao futuro desta União; creio que ela terá de ser religitimada (imprescindível, no caso português) por via referendária; e, naturalmente, terá de ser institucionalmente diferente desta, com sistema bicameral, por exemplo). Neste momento, isso é uma miragem. Estamos todos presos ao Euro, e só por milagre (um milagre do Santo SPD, em que não creio) poderia reverter esta hegemonia alemã & outras situações indecorosas, como essa de a Holanda nos sabotar alegremente com a sua favorável taxa de irc, para compunção dos patriotas do psi20.
E estou pessimista porque, mais cedo do que tarde, a extrema-direita, obtusa, nacionalista e xenófoba tomará o poder em França (que será sempre coisa diferente, se tal sucedesse num país pequeno, como ocorreu na Áustria). É claro que uma coisa é o que eles dizem agora, e outra é o que farão. Mas, nessa circunstância, a moeda única estará condenada, ab initio. Depois, até à guerra, será só deixar correr a loucura dos homens.

rondas da noite & do dia




http://umredondovocabulo.wordpress.com/2013/10/25/desmantelamento-de-um-pais/

http://cupetinte.blogspot.pt/2013/10/blog-post_24.html


domingo, outubro 27, 2013

músicas grandes - Quarteto de Cordas de Ierevan

Adagio molto e mesto
do Quarteto de Cordas Op. 59 #1 ("Rasumovsky"), de Beethoven

sexta-feira, outubro 25, 2013

músicas grandes - Colin Shipman & Violet Grgich

Adagio da Sonata #1 para viola da gamba e cravo de Bach

a besta está no ar, ou o espírito do tempo

À Prog deste mês (#39), a propósito do seu último disco, Man & Myth, diz Roy Harper: "At my stage, you're alarmed by the progress of the human beast. It's there, ready and waiting in the ether, this great, multiheaded beast...»

quinta-feira, outubro 24, 2013

Sócrates, génio do mal

A sessão do lançamento do livro de José Sócrates tem de significar alguma coisa quanto às suspeitas que sobre ele recaíram durante os seus mandatos, em especial no "Caso Freeport". Além de Lula e de Mário Soares, dois reputados chefes de gang, estavam na assistência conhecidos meliantes como Manuel Alegre, Ferro Rodrigues, Jaime Gama, Almeida Santos, Alberto Martins, Carlos Zorrinho, entre outros -- para não falar das toupeiras da Justiça, os magistrados Noronha do Nascimento e Pinto Monteiro --, os tais que tiveram acesso às escutas e, despudoradamente, as mandaram destruir...
Daqui se segue que Sócrates é um superhomem, um sobredotado e um génio do mal, pois conseguiu ludibriar altas figuras do Estado, excepto, claro está, as águias do nosso pensamento e acção políticos (com perdão para o Glorioso): os Passos os Portas, e respectivos penduricalhos: os Relvas, os Santanas Lopes (chamou-lhe "bandalho" na entrevista a Clara Ferreira Alves, não foi?), os Marcos Antónios e os Marques Mendes deste jardim zoológico que dirige o país.
Volto a recordar: só votei no Sócrates na segunda das três vezes em que ele se apresentou a sufrágio, exactamente por causa do gangsterismo.

O Vale do Riff - The Animals

Baby Let Me Take You Home

quarta-feira, outubro 23, 2013

terça-feira, outubro 22, 2013

segunda-feira, outubro 21, 2013

O Vale do Riff - Drive-By Truckers

Mercy Buckets

1 parágrafo do cap. I -- A SELVA #5

«Rumorejou um corpo que devia saltar da cama, uns passos rápidos soaram na escuridão e logo, atrás da portinhola que se abriu, entrou no recinto uma fosca claridade. Iluminou-se então, no quarto miserável de hospedaria, com a cama de ferro a insinuar existências parasitárias e o travesseiro liso, de quartel, um jovem alto e magro, cabelo negro e olhos amortecidos, denunciando vida indolente. A calça dançava-lhe na cintura e os ossos adquiriam forte relevo no tronco seco e nu. Sentou-se no rebordo do leito e começou a vestir, apressadamente, o casaco do pijama.»

Ferreira de Castro, A Selva [1930; da 32.ª ed., 1980]

sábado, outubro 19, 2013

Fender vs. Gibson: Albert Collins & Robert Fripp


imagens daqui e daqui

2.ª epígrafe de A SELVA, de Ferreira de Castro

«Ser forçado a descer naquele horror, mesmo que se aterre incólume, é ficar onde se desceu e morrer sepultado na sombra.» Francesco De Pinedo

quinta-feira, outubro 17, 2013

Fernando Lopes-Graça e a presença


Se me dão licença, o lançamento é já hoje, dia 19, na Casa Verdades de Faria -- Museu da Música Portuguesa, pelas 21 horas. Está tudo convidado.

em frente dos enchidos, à direita dos detergentes

A literatura não dispensa o trabalho sobre a linguagem, a palavra, a sintaxe e até a semântica. Sem isto, mas não apenas, ela não existe; o que existe é um encadeado de palavras banalizadas impressas no papel, cujo resultado final não ultrapassa a categoria do relatório, por muito ficcional que se possa apresentar.
Vem isto a propósito da entrevista de Rui Nunes a Maria Leonor Nunes, no último JL:  "Só muito massacradas as palavras podem dizer alguma coisa. Precisam de ser dominadas, não no sentido da boa regra, mas para as obrigar a dizer qualquer coisa. / [...] / Aqueles livros que nos tocaram tiveram esse trabalho de violentação, os que não nos tocaram foram escritos com as palavras corridas. E as palavras quando correm, procuram-se umas às outras de um modo mais perverso."
Esta perversão a que se refere Rui Nunes exibe-se, quanto a mim, em várias circunstâncias que vão além da literatura: basta lembrarmo-nos da sedução publicitária, das ciladas contratuais ou da linguagem regimental e regulamentar, da língua de trapos do capitalismo desenfreado, lídima sucessora da língua de pau da propaganda stalinista. Mas também nas letras, se ousarmos qualificar como literatura a narrativa que se vende para agradar e lisongear o público, ou o poema sentido, com os desígnios mais utilitários. 

Pois, não é arte da escrita, mas mercadoria de hiper, ali antes dos enchidos, à direita dos detergentes.



Antologia Improvável - Carlos Ávila

TÚMULO DO POETA DESCONHECIDO


uma brochura

que mal se sustenta de pé
na biblioteca pública
de uma cidadezinha qualquer

as páginas amareladas
de uma antologia
com trezentos e tantos
tantos tantos "poetas"

um título
perdido
(muito cedo, muito cedo)
nas prateleiras de um sebo

apenas um nome
(nowhere man)
na babilônica
lista telefônica

numa obscura
repartição pública
(beneficência da língua portuguesa)
sem cura

um bando bêbado
no fundo do bar
olhando pro nada
e pensando que é o mar

no tumulto da vida -- o túmulo
requiescat in pace
& não volte jamais










  Na Virada do Século -- Poesia de Invenção no Brasil (2002) ed.: Claudio Daniel e Frederico Barbosa

quarta-feira, outubro 16, 2013

O Vale do Riff - Of Monsters And Men

Little Talks

"dar-se ao respeito": patetices sobre Angola e declaração de desinteresses

Leio por aí que Portugal não se deu ao respeito no caso Machete com Angola; e porque não se deu ao respeito, não é respeitado.
Ora eu devo lembrar que Portugal começa por não se dar ao respeito quando um qualquer funcionário corrupto do Ministério Público vende a um jornal informação que está sob segredo de justiça. Já é duvidoso para mim que a imprensa se alimente desses excrementos que nos ministérios, nas autarquias, nos organismos públicos arredondam o vencimento desta forma. Quando há uma fuga do Ministério Público para os jornais, ainda por cima envolvendo dirigentes políticos estrangeiros, ainda por cima de um país irmão, ainda por cima de um país de que precisamos como do pão para a boca, é o Estado português que está em causa, até porque.
Ah e tal... há os valores  e a corrupção e o caraças. Em primeiro lugar, como estou farto de escrever, Portugal, país minado, não tem um mínimo de moral para falar de corrupção a quem quer que seja; em segundo lugar, em relação a Angola, convém ter decoro, depois de termos andados 500 anos a sacar (no tempo do Salazar e do Cerejeira dir-se-ia "civilizar" ou "evangelizar"). E depois, com franqueza, quero lá saber se há corrupção em Angola! Preocupa-me a de cá, exposta aos corruptores de todo o vasto mundo, que não apenas os angolanos...
Estes idiotas que peroram pelas rádios e televisões -- e não engrossam a voz, por exemplo, à China -- deviam saber que um país tem interesses e estratégia. Portugal, sendo irrelevante internacionalmente (e até podia não o ser...), se quer marcar pontos nas agendas nobre, se quer ser paladino de causas, deve comportar-se de forma inteligente, assim tipo Noruega... Mas não: assobia para o lado quando o rebotalho que existe na administração pública se vende ao jornais.
(Devo dizer, aliás, que nas críticas do Jornal de Angola, escritas parece que sob pseudónimo por Artur Queiroz -- uma saudação para ele! --, só não concordo (e se bem me lembro do texto todo) com os ataques à PGR Joana Marques Vidal, pois se a memória me não falha a fuga para o Expresso deu-se mal ela chegou à função, ou seja, antes de tomar o pulso ao antro; e parece-me, embora acompanhe pouco os assuntos criminais, que as famigeradas fugas no MP têm sido eficazmente combatidas, graças, precisamente, à acção da procuradora, que deve andar a varrer o lixo que tem no serviço).
Machete, aqui, é um infeliz que está farto de meter os pés pelas mãos, e se vê que não está à altura da função; o PS fará melhor em não se aproveitar, porque nem sequer pode falar quanto a agachamentos a Angola (lembram-se do escândalo da reportagem de Barata Feyo sobre a Unita na RTP? Eu lembro-me.) O Bloco, neste caso, é o bobo de serviço: ver udp's e psr's a vociferarem contra Angola, a China ou Cuba, dá vontade de rir.
Do que o país precisa é de um novo ministro dos Negócios Estrangeiros, alguém que saiba o que está a fazer.
E, já agora, de um novo primeiro-ministro e de um novo Governo. Mas isso transcende esta lamentável questão angolana.
Declaração de desinteressesnunca estive em Angola, nem tenho familiares directos que lá trabalhem. Ideologicamente, não sendo filiado, frequento o PS.  

terça-feira, outubro 15, 2013

músicas grandes - Anne-Sophie Mutter & Lambert Orkis

Allegro assai da Sonata para violino e piano #8 de Beethoven

BAF?!.. -- OLIVIER RAMEAU -- LE CANON DE LA BONNE HUMEUR #1

Em cenário edénico, surgem saltitando, quais efebos, Dany & Greg, os autores, envergando túnicas alvas e louros na cabeça; o primeiro, de paleta de cores na mão e pincel em riste, o segundo de pena em riste e folha branca na mão. Inspirados pela envolvente de paraíso das Escrituras -- árvores e flores viçosas, quedas d'água marulhantes e passarinhos a chilrear --, preparam-se Dany & Greg para dar início à narrativa, o que sucede apenas na última vinheta da prancha #1: um violento directo de boxeur -- BAF! -- no queixo do pugilista oponente... Trata-se de Kid Cahot, agora em knockout, transportado em maca pelo entourage aflito, em meio à vaia monumental do público. Já não é o primeiro KO; mas, estranhamente, Cahot, sem sentidos, é representado com um sorriso beatífico.
Sonha com Reverose (a "Sonhorosa" da saudosa revista dos 7 aos 77 anos), está-se mesmo a ver. Ou melhor: ver-se-á, em pranchas seguintes...
A verdade é que fomos transportados para o mundo-onde-todos-se-aborrecem, e nessa vinheta, como em toda a prancha #2, quase todas as cores desaparecem, como se pode ver na vinheta em baixo, com vários tons de vermelho, e só vermelho.

Dany & Greg, Le Canon de la Bonne Humeur, Bruxelas, Éditions du Lombard,. 1983, pranchas 1-2.  

segunda-feira, outubro 14, 2013

O Vale do Riff - The Clash

Armagideon Time

Paul De Grauwe, ao contrário do homem do caldo entornado, com passagem por Marine Le Pen

Os cadernos de Economia dos jornais provocaram-me sempre um interminável bocejo, só de lhes ler as gordas da primeira página. O seu destino era o caixote do lixo (ou, mais tarde, da reciclagem), normalmente com as páginas por abrir. A crise mudou tudo. Se  a maioria daqueles artigos de opinião persiste intragável -- ou porque escrevem com os pés, os economistas-publicistas; ou porque, além de escreverem com os pés (há excepções; houve excepções: Leonardo Ferraz de Carvalho, por exemplo), não passam, boa parte deles, de debitadores da vulgata que está a deixar a Europa neste lindo estado. (Preparem-se: a Frente Nacional da Marine Le Pen vai ganhar o poder em França -- é uma questão de tempo, pouco -- e depois é que eu gostaria de me rir, se não tivesse todas as razões para chorar...) A coluna de Daniel Bessa, no Expresso, é exemplo dessa conformação baça à ortodoxia do pensamento económico-político dominante.
Não assim com o belga Paul De Grauwe, professor da Universidade Católica de Lovaina e na London School of Economics, na esplêndida coluna "Torre de Marfim", que o mesmo Expresso publica mensalmente, creio. Entre outras coisas, percebe-se que ele não tem mentalidade de funcionário cumpridor sem rasgo, como Vítor Gaspar, e muito menos da sua boca se soltariam cacarejos imbecis  à Camilo Lourenço. Não, De Grauwe é inteligente, é culto e sabe pensar. Vale a pena ler o que Paul Krugman diz a este respeito, num post brilhantemente titulado, nada a ver com os bois que escrevem o economês rarefeito na imprensa.
Na "Torre de Marfim" deste sábado, com clareza meridiana, explica porque é que a imposição da política austeritária a países do sul só servirá para os empobrecer, não resolvendo, pelo contrário, agravando, as respectivas economias: quando os vários países desenvolvem políticas recessivas para controlo do défice, o bloqueio torna-se um facto e um fardo pesado. Se eu e o meu vizinho estamos a poupar mais, nem eu lhe compro nem ele me compra a mim, logo ambos estagnamos ou ambos vamos ao fundo.
De Grauwe é demolidor para com a Comissão Europeia, que acusa de estar ao serviço dos países credores do Norte, em vez de equilibrar a sua acção relativamente a todos os países da Zona Euro. E transcrevo o final da sua crónica: «É tempo de a Comissão  agarrar o seu papel de defensora dos países devedores com o mesmo vigor com que defende os interesses dos credores. [...] As nações devedoras do sul enfrentam hoje um legado de níveis insustentáveis de dívida que continuará a arrastá-las para baixo durante muitos anos, se não décadas. A incapacidade das nações credoras e da Comissão Europeia que as representa de pensarem em termos dos interesses de todo o sistema cairá sobre eles como uma vingança quando os credores tiverem de aceitar a restruturação da dívida dos países do sul da zona euro.»

domingo, outubro 13, 2013

gado manso e gado tresmalhado: A SELVA #4

O ponto de vista de Ferreira de Castro sobre os futuros seringueiros, recrutados, como vimos, no sertão brasileiro: gado. 
O narrador faz com que ouçamos a conversa de Balbino com os seus botões: «Que diria Juca Tristão, que o tinha por esperto e exemplar, quando lhe aparecesse com três homens a menos no rebanho que vinha pastoreando desde Fortaleza?» (p. 29)
Esta analogia, de resto, já estava bastante presente no romance anterior: Emigrantes  (1928). Rebanho é designação frequente para os que se expatriam em busca de melhores condições de vida; curral flutuante, os barcos -- ou melhor: a terceira classe desses barcos que os transportam ao continente americano.
Também aqui temos o rebanho: obediente e receoso ou confiante, a maioria; vivaços alguns, que passam a perna a quem lhes pagou a a deslocação para a cidade. Alguns desses que agora descrevo como pusilânimes ou ingenuamente esperançosos, alguns, mas poucos, tomarão atitude idêntica já no seringal, quando o horizonte de fuga não se apresentar como a cidade grande, mas a brenha selvagem.  

O Vale do Riff - The Allman Brothers Band

Come And Go Blues
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros / Vinha da boca do povo na língua errada do povo / Língua certa do povo

Manuel Bandeira

quinta-feira, outubro 10, 2013

detesto chatos

É chatíssimo ler alguém que escreve como fala. Mas há pior: ler quem não tem nada para dizer.

1.ª epígrafe de A SELVA, de Ferreira de Castro

«A sensação de profunda melancolia que se apodera do espírito, nos adverte de que estamos dentro das mais densas solidões do Mundo. No Alto Amazonas, principalmente, domina esse amargo sentimento que obriga a alma a dobrar-se sobre si mesma». Tavares Bastos, Vale do Amazonas (1866).

esquissos de enquadramento e grande salto em frente: A SELVA #3

A acção inicial decorre na "Flor da Amazónia". Balbino é um angariador de mão-de-obra para os seringais, percorrendo o sertão do Ceará para recrutá-la. Apesar da seca e da fome, não é fácil convencer o tabaréu a vir sem mais nem ontem trabalhar e viver na floresta densa, cheia de perigos, das feras às sezões, para além dos índios hostis. Alguns arrependem-se à ultima da hora e embrenham-se pela cidade de Belém adentro, ficando o angariador (ou o patrão para quem trabalha) a arder com o já despendido.  Por isso Balbino entra furibundo na hospedaria, queixando-se ao dono desta, Macedo. Macedo é tio do protagonista, Alberto, um universitário de Direito, monárquico exilado após um levantamento contra a República em Portugal.
O contexto económico é depressivo, com a queda do preço da borracha nos mercados internacionais. Esta situação de Alberto assemelha-se muito à vivida pelo então pequeno José Maria Ferreira de Castro. Há porém criação ficcional sobre um fundo real. Castro, ao contrário do protagonista, foi para Belém, e em seguida despachado para o Amazonas, com apenas doze anos; e era filho de caseiros, e não, como Alberto, de um oficial lealista do Exército; além disso, com o protector em Belém era mais distante do que a de tio-sobrinho que se verifica no romance.
Em poucos períodos, com assinalável, poder de síntese, Castro dá-nos os dados sociais e económicos, e historicos inclusive, que enquadram a trama e a condicionam, num grande salto em frente em relação ao naturalismo que, em 1930, anos da primeira edição, havia sido deixado para trás

terça-feira, outubro 08, 2013

defendo Machete, e até lhe agradeço

Tanto alarido porque o MNE resolveu pedir desculpa aos angolanos por em Portugal haver no Ministério Público uns patifes que, a troco de dinheiro e/ou outras benesses, sopram para a imprensa matérias que estão em segredo de justiça. Claro que Machete meteu os pés pelas mãos, com a barragem de fogo de politiquice do PS e do BE. O que sucedeu há meses foi uma vergonha inqualificável, pelas mãos duns miseráveis que subsistem na administração pública. Que Machete tenha pedido desculpa por este nojo que nos conspurca, só lhe tenho a agradecer, como português que não quer dar lições aos angolanos (e que, já agora, nunca foi partidário do terrorista Savimbi).

segunda-feira, outubro 07, 2013

eu ainda não sabia: A SELVA #2

Quando me pus a ler, pela primeira vez, A Selva (1930), de Ferreira de Castro, já no final da minha adolescência (a capa é essa mesma, em baixo, à esquerda), deparei-me com um incipit que me deu a sensação de que isto era diferente do costume:
«Fato branco, engomado, luzidio, do melhor H. J. que teciam as fábricas inglesas, o senhor Balbino, com um chapéu de palha a envolver-lhe em sombra metade do corpo alto e seco, entrou na "Flor da Amazónia" mais rabioso do que nunca.»
Digamos que não vislumbrava aqui burrinhos de João Semana, burgueses da lísbia ociosa, ceifeiros rebeldes ou malteses, nem professores frustrados & outros poucos terciários enconados com a vida. Não, isto era diferente.
Mas do que eu não suspeitava era que este início, que não anunciava nenhum romance de aventuras sobre mistérios amazónicos -- ao contrário do que poderia parecer, e isso creio que era para mim claro, já nesse então --, do que eu não supeitava era, entre muitas outras coisas, que A Selva se constituía como uma das mais negras narrativas que alguma vez viria a ler, e que o único desenlace permitido ao autor que avançara, com saber de experiência feito, por aquele labirinto vegetal, seria aquele que o livro consagrou. Mas também isso, muito depois de iniciada a leitura, quase só no fim, se me tornaria claro.
32.ª edição, Lisboa, Guimarães & C.ª, 1980.  


sábado, outubro 05, 2013

quinta-feira, outubro 03, 2013

Não gosto do punhal, mas quando quem o vibra / É fraco e aviltado, é uma arma divina!
Fausto Guedes Teixeira

Fender versus Gibson: Rory Gallagher & Jimmy Page



terça-feira, outubro 01, 2013

o focinho da besta



fonte: http://aventar.eu/
Ampliem a foto para que se veja bem o focinho da besta, o anormal da Aurora Dourada, prestes a ser acusado de chefiar uma quadrilha.

O Vale do Riff - Aerosmith

Bone To Bone (Coney Island White Fish Boy)