Leio por aí que Portugal não se deu ao respeito no caso Machete com Angola; e porque não se deu ao respeito, não é respeitado.
Ora eu devo lembrar que Portugal começa por não se dar ao respeito quando um qualquer funcionário corrupto do Ministério Público vende a um jornal informação que está sob segredo de justiça. Já é duvidoso para mim que a imprensa se alimente desses excrementos que nos ministérios, nas autarquias, nos organismos públicos arredondam o vencimento desta forma. Quando há uma fuga do Ministério Público para os jornais, ainda por cima envolvendo dirigentes políticos estrangeiros, ainda por cima de um país irmão, ainda por cima de um país de que precisamos como do pão para a boca, é o Estado português que está em causa, até porque.
Ah e tal... há os valores e a corrupção e o caraças. Em primeiro lugar, como estou farto de escrever, Portugal, país minado, não tem um mínimo de moral para falar de corrupção a quem quer que seja; em segundo lugar, em relação a Angola, convém ter decoro, depois de termos andados 500 anos a sacar (no tempo do Salazar e do Cerejeira dir-se-ia "civilizar" ou "evangelizar"). E depois, com franqueza, quero lá saber se há corrupção em Angola! Preocupa-me a de cá, exposta aos corruptores de todo o vasto mundo, que não apenas os angolanos...
Estes idiotas que peroram pelas rádios e televisões -- e não engrossam a voz, por exemplo, à China -- deviam saber que um país tem interesses e estratégia. Portugal, sendo irrelevante internacionalmente (e até podia não o ser...), se quer marcar pontos nas agendas nobre, se quer ser paladino de causas, deve comportar-se de forma inteligente, assim tipo Noruega... Mas não: assobia para o lado quando o rebotalho que existe na administração pública se vende ao jornais.
(Devo dizer, aliás, que nas críticas do
Jornal de Angola, escritas parece que sob pseudónimo por Artur Queiroz -- uma saudação para ele! --, só não concordo (e se bem me lembro do texto todo) com os ataques à PGR Joana Marques Vidal, pois se a memória me não falha a fuga para o
Expresso deu-se mal ela chegou à função, ou seja, antes de tomar o pulso ao antro; e parece-me, embora acompanhe pouco os assuntos criminais, que as famigeradas fugas no MP têm sido eficazmente combatidas, graças, precisamente, à acção da procuradora, que deve andar a varrer o lixo que tem no serviço).
Machete, aqui, é um infeliz que está farto de meter os pés pelas mãos, e se vê que não está à altura da função; o PS fará melhor em não se aproveitar, porque nem sequer pode falar quanto a agachamentos a Angola (lembram-se do escândalo da reportagem de Barata Feyo sobre a Unita na RTP? Eu lembro-me.) O Bloco, neste caso, é o bobo de serviço: ver udp's e psr's a vociferarem contra Angola, a China ou Cuba, dá vontade de rir.
Do que o país precisa é de um novo ministro dos Negócios Estrangeiros, alguém que saiba o que está a fazer.
E, já agora, de um novo primeiro-ministro e de um novo Governo. Mas isso transcende esta lamentável questão angolana.
Declaração de desinteresses: nunca estive em Angola, nem tenho familiares directos que lá trabalhem. Ideologicamente, não sendo filiado, frequento o PS.