segunda-feira, dezembro 31, 2007

Cordilheiras do Riff - O melhor d'O Vale do Riff (como se fosse possível) 2007 - 6/6

Ray Brown Trio, Summertime. De cortar a respiração esta extraordinária versão dum clássico absoluto. Ray Brown, vimo-lo ontem divertido com o grande Peterson; hoje, majestoso, mas sempre afável, com o superpianoplayer Gene Harris e Jeff Hamilton. Gravado algures no Japão, em 1988. (postado em 6 de Abril)





Sheila Jordan c/ Trio de Serge Forté, Autumn In New York. Ou de como se pode cantar admiravelmente, mesmo quando os pulmões já não ajudam. Gravado há dois anos, Nov. 2005, em Taiwan. (postado em 5 de Julho)





Soft Machine, Out Bloody Rageous. Lindo. Este foi sempre o rock que mais me interessou: o que não tem medo de experimentar. Tal aconteceu nos melhores momentos do chamado rock progressivo, que abriu portas à fusão -- e também abriu muitos ouvidos. Notável esta formação dos Soft Machine: Robert Wyatt (bateria), Mike Ratledge (teclas), Hugh Hopper (baixo), Elton Dean (sax alto) e Lyne Dobson (sax soprano). Gravado em Paris, Março de 1970. (postado em 4 de Setembro)









Thelonious Monk, Epistrophy. Ser moderno é isto: música composta há 65 anos e que é de há 6463626160595857565554535251504948474645444342414039383736353433323130292827262524232221201918171615141312110987654321agora. Gravação de 1966, em Paris. (postado em 14 de Maio)

É um progressista da treta? (16)

Dum questionário do Sunday Times, retirado da Rua da Judiaria.
16 - É aceitável apelar à morte de cartunistas porque não se acha piada aos seus cartoons?
Resposta igual à da pergunta 13.
13 respostas correctas em 16. Sou um progressista a sério!! (Serei?)

domingo, dezembro 30, 2007

Cordilheiras do Riff - O melhor d'O Vale do Riff (como se fosse possível) 2007 - 5/6

Oscar Peterson, Sweet Georgia Brown. Repare-se no verdadeiro comprazimento de Peterson a solar, como que aceitando, incrédula mas pacificamente, um dom inato (embora muito trabalhado, é certo). Ray Brown e Niels Pedersen (NHOP), dois dos maiores contrabaixistas do jazz, assistem e fruem esse virtuosismo para lá de humano. A gravação é de 1977. Peterson morreu no domingo passado. (postado em 1 de Outubro)





Paul McCartney & Eric Clapton, Something. Um dos grandes temas de George Harrison num concerto em sua memória, em 29 de Novembro de 2002. Do lote de músicos quero destacar, naturalmente, Ringo Starr e Billy Preston. Clapton, que organizou a homenagem ao amigo, canta aqui a música que se diz ter sido inspirada por Pattie Boyd, mulher e musa de ambos.(postado em 31 de Janeiro)





Pink Floyd, Run Like Hell. Gravado em 1980 no Earls Court, Londres. Música do grandioso The Wall, do ano anterior. Roger Waters, particularmente refinado, trata a audiência a chicote, e ela gosta. Com um novo abraço ao Ruela, pelo comentário. (postado em 20 de Julho)







Procol Harum, A Whiter Shade Of Pale. Tem 40 anos esta música, e ouve-se como se fosse editada ontem. No filme, aprecio em especial a forma como Gary Brooker ainda a curte, é visível, depois de tocá-la pela enésima vez. Eu tive a sorte de o ouvir na Praça Sony, em 1998, com Peter Frampton à guitarra, baixo de Jack Bruce e o Ringo Starr na bateria. A coda barroca de Matthew Fisher é mais que justa. Eterna, disse o Ruela ao comentar (pelo que daqui lhe envio mais um abraço), e é verdade: ouve-se como se fosse editada ontem esta música com 40 anos. (postada em 24 de Julho)






Veloz me escapa um gosto pela vida
Jorge de Sena

sábado, dezembro 29, 2007

Cordilheiras do Riff - O melhor do Vale do Riff (como se fosse possível) 2007 - 4/6

John Coltrane, My Favorite Things. De Música no Coração, na Broadway, para o sax soprano de Coltrane, em Baden-Baden, 1961. Repare-se em como valsa Elvin Jones. (postado em 27 de Novembro)




Joni Mitchell, Shine. Uma belíssima balada folk. Joni ainda no Canadá, em 1966. Com um abraço à Estrelicia Esse, pelo comentário. (postado em 14 de Novembro)





Kate Bush, Moving. Há mais de 30 anos que Bush é uma das grandes referências da música popular britânica, sempre a inovar, até quando vai à tradição culta. Um caso individualíssimo, único, a seguir. E, já agora, uma canção para as baleias, que bem precisam de quem se comova por elas... Gravado no Hammersmith Odeon, em 1979. (postado em 15 de Janeiro)





Lou Donaldson, Whiskey Drinkin' Woman. A sabedoria dos anos, a sabedoria dos blues... Exposição perfeita, Donaldson muito bem acompanhado. Vale a pena observar bem Lonnie Smith, no órgão. Gravado em 2004, em Paris. (postado em 26 de Outubro)

capismo

ilustração de Bernardo Marques
A Missão, de Ferreira de Castro, 8.ª edição
Lisboa, Guimarães & C.ª, 1981

Antologia Improvável #276 - António Barahona (3)

COMENTÁRIO ALCORÂNICO

Quanto aos poetas, os que erram, seguem-nos.
Não tens visto como eles vagueiam pelos vales
E como dizem isso que não praticam?
Alcorão

Vagueio pelos vales a falar sozinho:
não me lavo, não rezo, não me lembro
de Deus: apenas fumo o meu cachimbo
e saboreio Deus que sabe a fumo

Devagaroso a falar à pressa deliro
e digo o que não faço e faço o que não digo,
contraditório, incoerente, obsessivo,
mas verdadeiro eco de mim próprio

Que Deus me dê a força da fraqueza
que verga mas não quebra e endireita
mais dúctil do que a vara mais fibrosa

Que Deus me dê os vales mais obscuros,
lá onde a vista alcança só beleza
ao fundo da paisagem dos teus olhos

Lx., 20.VIII.85

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Cordilheiras do Riff - O melhor d'O Vale do Riff (como se fosse possível) 2007 - 3/6

Enter Shikari, Sorry You're not A Winner. Descobri-os na blogosfera. Ainda sem truques, misturam-se com quem os está a ver e ouvir (aliás, isto foi filmado numa festa, em Agosto de 2006, provavelmente no Hertfordshire, donde eles são). Vigor e verdade. Gosto disto. (postado em 19 de Maio)





Genesis, Los Endos. Os Genesis sempre foram uma das minhas bandas preferidas. Os Genesis da primeira fase, com Peter Gabriel, e mais alguns álbuns ainda pouco philcollinizados. Curiosamente, podendo escolher outra música, com o próprio Gabriel, opto por este magnífico tema do A Trick Of The Tail (1976), talvez por ser instrumental. Collins passara a assegurar as vocalizações, e substituindo-o brevemente na bateria esteve outro dos grandes instrumentistas do rock progressivo, Bill Bruford, fundador dos Yes, juntando-se posteriormente aos King Crimson (já os vimos aqui no Vale), enveredando depois por um caminho jazzístico. Sucedeu A Trick Of The Tail a The Lamb Lies Down On Broadway, um álbum mais Gabriel himself do que globalmente Genesis -- dizem alguns autores, e eu concordo. Aqui voltam a estar no seu elemento, estão felizes. Tony Banks, o teclista, é o maior responsável por esta sonoridade que tanto me seduz, lírica e arrebatada. Vigor e verdade. Gosto disto. (postado em 22 de Maio)





Jimy Rushing com a Orquestra de Count Basie, I Left My Baby. «Suffering music», já o disse aqui Lou Donaldson (e voltará a dizê-lo), mas todos se divertem. Um potente blues cantado por um emblemático shouter, amparado por uma big band cheia de grandes estrelas. Imperial Basie, genial Webster. Vigor e verdade. Gosto disto. (postado em 21 de Março)






Joe Cocker, With A Little Help From My Friends. Espantosa cover dos Beatles. Um espectador do You Tube comentou que esta é a única versão duma música dos Beatles superior ao original, e eu quase concordo. Cocker contra Ringo... O filme faz jus ao título, e apesar do esbracejar do cantor de Sheffield, é Leon Russell, de guitarra e cartola, o verdadeiro regente da banda, como verificamos se virmos com atenção... Vigor e verdade. Gosto disto. (postado em 13 de Setembro)



acordes nocturnos

quinta-feira, dezembro 27, 2007

E agora?

Benazir Bhutto
(foto: afp/Le Soir)

Cordilheiras do Riff - O melhor d'O Vale do Riff (como se fosse possível) 2007 - 2/6

Big Brother & The Holding Company, Ball And Chain. Janis Joplin, não sei de ninguém como ela. Uma estrela desconhecida no Festival Pop de Monterey de 1967. Assim cantava uma texana os blues. A estupefacção é geral, está estampada na cara da audiência. Um meteoro. Restavam-lhe três anos de vida. (postado em 2 de Maio)




Blood Sweat & Tears, And When I Die, ao vivo algures no Japão, em 1970. Um óptimo exemplo de fusão. Uma banda fora-de-série e um vocalista que o não é menos: David Clayton-Thomas. (postado em 23 de Maio)





Buffy Sainte-Marie, Little Wheel Spin And Spin. Índia da tribo Cree, canadiana. Uma voz da native-american music. E (com) que voz! Pete Seeger, estático, observa. (postado em 21 de Maio)




Clark Terry, Mumbles. Mistura de scat e língua de trapos do cozinheiro sueco dos Marretas. «Mumbles», alcunha de Terry, aplica-se a quem é trapalhão a falar... Exímio sentido da comunicação, humor a rodos, grande momento! Uma lenda viva do jazz. (postado em 21 de Julho)



quarta-feira, dezembro 26, 2007

Figuras de estilo - Cyro dos Anjos

Éramos quatro ou cinco, em torno de pequena mesa de ferro, no bar do Parque. Alegre véspera de Natal! As mulatas iam e vinham, com requebros, sorrindo dengosamente para os soldados do Regimento de Cavalaria. No caramanchão, outras dançavam maxixe com pretos reforçados, enquanto um cabra gordo, de melenas, fazia a vitrola funcionar.


O Amanuense Belmiro

Cordilheiras do Riff - O melhor d'O Vale do Riff (como se fosse possível) 2007 - 1/6

Anita O'Day, Sweet Georgia Brown, no Festival de Newport, 1958. Excerto do documentário de Bert Stern, Jazz On A Summer's Day. Incrível a garra com que ela ataca as palavras. (postado em 28 de Setembro)



Annie Lennox + David Bowie + Queen, Under Pressure. Concerto de Homenagem a Freddie Mercury, Abril de 1992. Lennox, magnífica, ofusca Bowie, num tema em que ele e os Queen fizeram esquecer um período medíocre dos respectivos percursos. Com um abraço ao Ruela pelo comentário. (postado em 26 de Setembro)



Archie Shepp, Mama Rose. O free que não esquece as raízes. Gravação sem data da televisão francesa, provavelmente anos 90. (postado em 18 de Junho)


Benny Goodman feat. Peggy Lee, Why Don't you Do Right? O Rei do Swing, dizia-se de Goodman, grande clarinetista e chefe de big band. Tudo aqui se ginga, tudo se swinga. Contagiante e irresistível. De Stage Door Canteen, filme de Frank Borzage realizado em 1943. (postado em 20 de Fevereiro)

segunda-feira, dezembro 24, 2007

domingo, dezembro 23, 2007

Talvez tudo fosse diferente / se o mundo tivesse começado tão bem / como as variações Goldberg
Manuel de Freitas

O melhor d'O Vale do Riff (como se fosse possível) 2007

Uma selecção de 24 das duzentas e muitas músicas postadas n'O Vale do Riff em 2007, depois do Natal.










É um progressista da treta? (15)

Dum questionário do Sunday Times, tirado daqui.

Podem os "crimes de honra" ou a mutilação genital de mulheres ser colocados num "contexto cultural"?
Lá poder, podem... Que haja quem, aceitando-o, o justifique é que é repugnante.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

rock barroco e agrícola

Jethro Tull

O Vale do Riff - Natal 2007 - Jethro Tull, «We Five Kings»

Antologia Improvável #275 - Alberto de Lacerda (5)

MELODIA

A ternura infinita dessa melodia infinita
Levada até às últimas consequências
Demoveria montanhas as montanhas do ódio da ignorância da distância
De homem para homem de pai para filho de mulher para homem de corpo para corpo

A linha circularmente bela dessa melodia
Levada ao limite extremo da terra da terra amarga
Traria a luz pela qual suplicamos todos os dias
As flores
A doçura grave ao coração dos homens todos das mulheres todas de todas as raças

Essa melodia
Explorada até à última caverna de estalactites doiradas
Traria
Não qualquer utopia
Mas os gestos sagrados da vida dos dias
Segunda terça quarta quinta sexta sábado
Domingo
Numa dança sem perguntas
Em que nascer morrer amamentar e amar
Adormecer enlaçado a outro corpo
Fariam parte de um rio sem fim
Uma dança sem perguntas
20-2-1965


Oferenda II

acordes nocturnos


quinta-feira, dezembro 20, 2007

O massacre continua

Carne de baleia é tradição gastronómica para os japoneses, como se sabe. A moratória contempla uma excepção científica, para o Japão, e se calhar para outros países, como a Noruega. E aquele parece agarrar-se a essa cláusula permissiva para continua a caçar, leio hoje no Público. O extermínio destes animais, pelo que conhecemos deles, parece cada vez mais insuportável. Apesar de se tratar de coisas diferentes, qualquer dia teremos de dar o exemplo, e largar o bacalhau, também ele em risco.

É um progressista da treta? #14

Dum questionário do Sunday Times, retirado daqui.
É aceitável interditar a entrada em lugares sagrados a membros de outras religiões, como acontece em Meca?
Quer dizer... apesar de desagradável, é algo que me deixa frio. Como se me proibissem de ir a Fátima, por não ser crente. Bof... Meca é tão sagrado e exclusivo deles... Enfim, passo.

O Vale do Riff - Natal 2007 - The Corrs, «O Holy night»

um presente antecipado


terça-feira, dezembro 18, 2007

estampa CXXVI

José Malhoa, A Volta da Romaria
colecção particular

É um progressista da treta? (13)

Dum questionário do Sunday Times, retirado daqui.

É uma tradição cultural aceitável apelar à morte das pessoas que abandonam uma religião?
A pergunta, mesmo num questionário meio-a-sério dum jornal inglês, é sinal do absurdo a que se chegou.

O Vale do Riff - Natal 2007 - Sarah McLachlan, «O Little Town Of Bethlehem»

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Antologia Improvável #274 - Jorge de Sena (3)

SONETO DO ENVELHECER

Cabelos vão no pente e no dentista os dentes
como eles um a um se vão sumindo todos.
Os ombros e a barriga se descaem flácidos,
as unhas se endurecem como cascos rijos.

No rosto as rugas tecem seu desenho absurdo,
destruindo algum sinal de juvenil imagem.
Os óculos se engrossam e nos ouvidos surdos
as vozes se confundem e os ruídos nelas.

Andando os pés e as pernas tornam-se inseguros,
tal como as mãos incertas e como eles frias.
A voz é um cristal sujo. E dentro da cabeça
memória e pensamento não se ligam mais.
Mesmo o mijar se torna um interrompido acto
tal as ideias soltas que se esquecem bruscas.
SB, 28/2/74

40 Anos de Servidão

O Vale do Riff Natal 2007 - Gladys Knight, «It Came Upon The Midnight Clear»

domingo, dezembro 16, 2007

É um progressista da treta? (12)

Dum questionário do Sunday Times, retirado daqui.
São a liberdade de expressão, a liberdade de associação e a liberdade religiosa (ou ateística) direitos humanos universais?
Ah pois são! E o conhecimento deles, também.

esta semana n'O Vale do Riff Especial de Natal






sábado, dezembro 15, 2007

estampa CXXVI

François-André Vincent, Retrato de Mademoiselle Duplant
Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa

5 filmes

Agradeço a Nuno Guerreiro Josué, do blogue Rua da Judiaria, a inclusão na «corrente» dos cinco filmes preferidos. Destes, escolho alguns dos que mais me marcaram:

1) De Jacques Tati, aquela praia, sobretudo...


As Férias do Senhor Hulot, 1953

2) De Ralph Nelson, o ferro e o fogo.



O Soldado Azul, 1970 (com perdão pela dobragem).


3) De Ingmar Bergman, o perturbador mundo adulto.



Fanny e Alexandre, 1982.


4) De Woody Allen, sobretudo Barbara Hershey e Michael Caine.



Ana e as Suas Irmãs, 1986.


5) De Nikita Mikhalkov, o gelo do totalitarismo.

Sol Enganador, 1994 (com desculpas pelas legendas checas...).

Vou agora maçar a Ana Paula (221-B Baker Street), a Ana Vidal (Porta do Vento), a Estrelícia Esse (Arcádia Lusitana), a T (Dias que Voam) e o Vieira Calado.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

O Vale do Riff - The Beatles, feat. Billy Preston, «Get Back»

A fechar este ramalhete dos Beatles, depois de estreado com a primeira faixa de Please Please Me (1963), «I Saw Her Standing There», a última de Let It Be (1970), «Get Back», ambas de McCartney. Gravado em Janeiro de 1969, no telhado da Apple. A polícia mostra-se preocupada com o engarrafamento causado. Algo que também sucederia aos U2, cerca de vinte anos depois, ao imitarem / homenagearem a performance. No final, Lennon agradece em nome da banda, esperando terem sido aprovados na audição... (1.ª postagem: 17 de Abril de 2007)

quinta-feira, dezembro 13, 2007

O Vale do Riff - The Beatles, feat. Billy Preston


De Let It Be (1970), um dos grandes temas dos Beatles, da autoria de Paul McCartney, que considero ser o maior dos quatro. Melancólica a música como o ambiente, a anunciar a separação. Impressionante de contenção. Billy Preston magnífico nos teclados. Yoko Ono paira e é excrescente. Lennon com McCartney troca e toca baixo. (1.ª postagem: 6 de Setembro de 2006)

acordes nocturnos